sábado, 3 de outubro de 2015

Bombardeio dos EUA mata 19 pessoas em hospital do Afeganistão

Pelo menos 19 pessoas foram mortas quando uma bomba disparada pela Força Aérea dos Estados Unidos atingiu um hospital da organização não governamental Médicos sem Fronteiras (MSF) no Afeganistão. Doze mortos eram funcionários do hospital, noticiou o jornal The New York Times.

Em uma nota lacônica, o comando militar americano confirmou ter realizado um ataque às 2h15 deste sábado pela hora local na cidade de Kunduz contra "indivíduos que ameaçava a força" em que "pode ter havido danos colaterais numa instalação médica próxima".

A direção dos MSF afirma que o bombardeio continuou durante meia hora depois de ter alertado que o hospital corria perigo. O ataque provocou um incêndio que durou horas. O comissário de direitos humanos das Nações Unidas disse que pode ter sido um "crime de guerra".

No fim da tarde, a Presidência do Afeganistão divulgou comunicado declarando que o comandante militar americano no país, general John Campbell, pediu desculpas pelo erro, enquanto o secretário da Defesa dos EUA, Ashton Carter, se limitou a dizer que está em andamento uma "investigação completa sobre o trágico incidente".

Desde o início da intervenção militar dos EUA e aliados no Afeganistão, em outubro de 2001, para vingar os atentados de 11 de setembro, há uma tensão entre os governos afegãos instalados depois da queda da milícia fundamentalista dos Talebã (Estudantes) por causa da morte de civis em bombardeios aéreos.

Na segunda-feira, cerca de 500 talebã tomaram a cidade de Kunduz, uma capital de província do Norte do país, desmoralizando mais uma vez as forças de segurança afegãs. Foi a maior cidade do Afeganistão conquistada pelos rebeldes desde a invasão americana.

Para retomar a cidade, o governo do presidente Achraf Ghani pediu o apoio dos EUA, que ainda mantêm 9,8 mil soldados no Afeganistão. Por ordem do presidente Barack Obama, eles só podem entrar em combate em situações extremas. Foi o caso.

Um porta-voz da polícia de Kunduz afirmou que alguns talebã se refugiaram no hospital e usaram o local como posição de tiro. Dois empregados do hospital negaram esta versão, alegando que não havia combates nas redondezas. O prédio tem marcas de bala, mas não se sabe se são recentes.

Ontem o governo afegão anunciou a reconquista de Kunduz, mas um repórter da televisão pública britânica BBC mostrou que a batalha ainda não havia terminado.

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