BOSTON, EUA - Depois de décadas de declínio, o número de assassinatos está em alta em pelo menos 35 grandes cidades dos Estados Unidos, noticiou hoje o jornal The New York Times. O maior aumento foi em Milwaukee, onde 104 pessoas foram mortas nos oito primeiros meses do ano, 76% a mais do que os 59 homicídios registrados no mesmo período em 2014.
São Luís, no estado do Missouri, ficou em segundo lugar, com aumento de 60%, seguida de Baltimore (56%), Washington (44%), Nova Orleans (22%), Chicago (20%), Dallas (17%), Nova York (9%) e Filadélfia (4%).
A rivalidade entre as gangues, em muitos casos na disputa por pontos de tráfico de drogas, e a facilidade em comprar armas de fogo estão entre as principais causas em cidades como Chicago, onde o número de mortes subiu de 244 ano passado para 294 em 2015. Mas a polícia adverte que muitos jovens frustrados da periferia estão recorrendo à violência para "acertos de contas".
Em Milwaukee, a maioria dos assassinos e suas vítimas são negros com menos de 30 anos que livem em bairros pobres da periferia marcados pelo desemprego, a miséria e a retomada de imóveis por falta de pagamento.
Para o chefe de policia de Chicago, Garry McCarthy, a abundância de armas de fogo é um fator central para o aumento no número de assassinatos. Embora haja um movimento para reduzir a massa carcerária, ele defende um aumento de penas para crimes violentos: "Em todo o país, percebemos que não é o indivíduo que nunca cometeu um crime que de repente mata alguém. São os criminosos reincidentes. As mesmas pessoas matam mais de uma vez e continuam matando."
Também há especialistas que falam um "efeito de Ferguson". Os violentos protestos contra a morte de um jovem negro na cidade de Ferguson, no estado do Missouri, teriam colocado a polícia na defensiva, alega o penalista Alfred Blumstein, professor da Universidade Carnegie Mellon.
Outros, como Richard Rosenfeld, da Universidade do Missouri em São Luís, afirma que o número de homicídios começou a subir antes da morte do jovem negro Michael Brown por um policial branco que não foi denunciado.
Em Nova Orleans, o chefe de polícia, Michael Harrison, entende que o aumento no número de assassinatos não se deve ao maior nível de violência das gangues ou de assaltos de rua. A maioria dos casos seria de pessoas mortas em casa ou nos seus carros por poessoas que conhecem suas vítimas pessoalmente.
"Não é uma situação que possa ser resolvida por mais policiamento", disse Harrison. "É uma cultura de violência profundamente arraigada na comunidade - um segmento da população em que as pessoas estão resolvendo seus problemas de maneira violenta."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Entrando na polêmica, a falta daquele anestésico do coquetel da injeção letal também está fazendo efeito no controle da violência!
Se você está sugerindo que o problema se resolve com pena de morte, a Europa tem índices de homicídio muitíssimo menores e proíbe a pena de morte. É uma questão civilizatória. A América é um continente da barbárie.
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