segunda-feira, 11 de maio de 2015

Hollande faz visita histórica a Cuba e pede fim do embargo

O presidente da França, François Hollande, faz hoje uma visita histórica a Cuba, com direito a um raro encontro com o comandante Fidel Castro. É o primeiro chefe de Estado de uma potência ocidental a visitar a ilha depois do reatamento do regime comunista com os Estados Unidos e a primeira visita de um presidente francês a Cuba. Mas chega à ilha que era vista pela esquerda europeia como um paraíso socialista mais interessado em fazer negócios, observa o jornal Le Monde.

De olho na abertura econômica do regime e no fim do embargo americano, "a França é a primeira, em nome da Europa e dos países ocidentais, a poder dizer aos cubanos que estamos a seu lado se eles decidirem eles mesmos atravessar as etapas necessárias rumo à abertura", declarou Hollande aos jornalistas que o acompanham. Na agenda, nenhum encontro com dissidentes.

Em Havana, o presidente francês prometeu se empenhar pelo fim do embargo econômico imposto pelos EUA depois da desapropriação de propriedades de americanos pela revolução cubana. Desde 1991, a França vota todos os anos pelo fim do embargo na Assembleia Geral das Nações Unidas.

"Vocês sabem que a França é a favor de suspender o embargo que trava o desenvolvimento cubano", afirmou Hollande diante de uma plateia de estudantes cuidadosamente selecionados pelo regime comunista na Universidade de Havana. Isso depende do Congresso dos EUA, cada vez mais reacionário.

Depois do fim da União Soviética, em 1991, Cuba enfrentou uma situação econômica muito difícil, aliviada pela ascensão de Hugo Chávez ao poder na Venezuela, em 1999. Com a crise econômica venezuelana, o regime comunista cubano iniciou uma abertura econômica sob Raúl Castro, que sucedeu Fidel em 2006.

Hoje há mais de 500 mil microempresas que o governo autorizou a funcionar para poder demitir 1 milhão de funcionários públicos num programa chamado oficialmente de "atualização" da economia. Décima maior parceira comercial de Cuba, a França quer aumentar sua participação no mercado cubano, que se reintegra plenamente ao sistema capitalista.

Ontem, depois de participar das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial em Moscou, o ditador Raúl Castro visitou o Vaticano para agradecer a mediação do papa Francisco e da Igreja Católica no reatamento das relações com os EUA. Educado pelos jesuítas como o irmão Fidel, Raúl disse que com o atual papa pensa até em voltar à igreja.

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