O líder terrorista Ossama ben Laden estava preso e não escondido na mansão onde morreu, em Abotabade, no Paquistão, em 2 de maio de 2011, e a operação que o executou foi uma encenação, afirma o jornalista americano Seymour Hersh em reportagem publicada no jornal britânico London Review of Books.
A Casa Branca repudiou a versão como "fantasiosa" e "totalmente sem sentido", informa o jornal The Washington Post.
Hersh alega que não houve resistência nem tiroteio na mansão de Ben Laden: ele teria sido executado sumariamente. O complexo foi destruído, mas repórteres que visitaram o local antes disso viram marcas de sangue e tiros como se houvesse acontecido um confronto.
"Por que Ben Laden iria se esconder a 70 quilômetros de Islamabade, do lado da principal academia militar do Paquistão?", questionou o jornalista em entrevista hoje para defender sua versão. Hersh também considera "brincadeira" a hipótese de que o comando de elite Seals, da Marinha dos EUA, pudesse invadir o Paquistão, matar Ben Laden e fugir sem ser notado pelos militares paquistaneses.
Para o jornalista, o comandante do Exército do Paquistão, general Ashfaq Pervez Kayani, e o chefe do serviço secreto militar paquistanês, general Ahmed Shuja Pasha, sabiam de tudo. É possível que soubessem tenham assumido um compromisso mútuo com o governo Obama de negar eternamente.
Outro ponto da verão oficial negado por Hersh é que agentes americanos teriam rastreado o mensageiro de Ben Laden. Os EUA teriam descoberto a mansão através de um ex-agente secreto paquistanês renegado com interesse na recompensa de US$ 25 milhões.
Famoso jornalista investigativo, Hersh revelou o massacre da aldeia de Mi Lai, cometido em 16 de março de 1968, durante a Guerra do Vietnã, o que lhe valeu o Prêmio Pulitzer de 1970. Também foi o primeiro a denunciar, em maio de 2004 a tortura na prisão de Abu Ghraib, no Iraque.
Mas ele fez reportagens desmentidas, como uma sobre o treinamento de iranianos no interior dos EUA e a alegação de que a Turquia foi responsável pelo bombardeio com armas químicas na guerra civil da Síria, em setembro de 2013, que quase levou os EUA a atacar a ditadura de Bachar Assad. Também publicou um livro escandaloso, O Lado Negro de Camelot, em que pinta o governo John Kennedy como uma orgia de sexo, corrupção e espionagem.
Para o analista Peter Bergen, da televisão americana CNN, "o que a matéria tem de verdade não é novo e o que tem de novo não é verdade".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Se não seria surpresa esse ataque, então, pra quê os norte-americanos construiriam helicopteros stealth, sem comprovada confiabilidade, a ponto de um deles cair na área de ação?
Não estão bancando a versão de Hersh, mas é difícil acreditar que as Forças Armadas do Paquistão não soubessem da operação. É uma versão que interessa aos dois países.
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