quinta-feira, 21 de maio de 2015

Grandes parques nacionais da África Oriental estão ameaçados

Todos os anos 2 a 3 milhões de gnus cruzam a fronteira entre o Quênia e a Tanzânia, na maior migração de animais superiores do planeta, entre zebras, gazelas, antílopes, elefantes e crocodilos que os atacam na travessia dos rios. 

Um dos ambientes característicos da África está ameaçado, advertem cientista da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (UNCT). Sob pressão do crescimento populacional e da caça ilegal, o parque nacional do Serenguéti, na Tanzânia, corre risco de desaparecer.


Serenguéti signica planície sem fim na língua do povo massai e continua na Quênia com o nome de Massai Mara. Com os limites do parque sendo violados, a União Europeia está financiando um projeto para fazer uma avaliação clara dos problemas.

No Quênia, o parque vai até até a Floresta Mau, a maior floresta virgem de montanha de todo o continente africano. O Rio Mara, que nasce na floresta, é a artéria que irriga todo o ecossistema do Massai Mara e do Serenguéti.

Juntos, o rio, a floresta e o parque nacional formam um dos ecossistemas mais complexos da Terra, que sustenta uma enorme variedade de formas de vida, de grandes mamíferos como leões, elefantes, búfalos, rinocerontes, hipopótamos e girafas até plantas raras e especiais.

"O Serenguéti é em muitos sentidos uma imagem icônica da África e será o centro do nosso projeto de pesquisa", comentou o biólogo Eivin Roskaft professor da UNCT. "Tudo o que tiramos da natureza são serviços que o ecossistema presta. Estes recursos estão se deteriorando pouco a pouco. O que nós vemos no Serenguéti são pressões tão grandes que o ecossisema pode deixar de ser sustentável. Na pior das hipóteses, o Serenguéti pode desaparecer em poucas décadas."

Em 1961, a Tanzânia tinha 8 milhões de habitantes. Hoje, são 50 milhões. Esta população pode dobrar em 20 anos aumentando a caça ilegal para garantir a subsistência, com o cultivo de pastagens. A maior parte da comida é cozinhada em fogueiras a céu aberto com lenha tirada das florestas.

A região tem problemas com malária e a doença do sono que podem se agravar com o aquecimento global. Os especialistas em saúde temem que a abertura, a melhoria e o aumento do tráfego nas estradas aumente a incidência de aids.

Cerca de 100 cientistas de 13 instituições do Quênia, Tanzânia, Alemanha, Dinamarca, Escócia e Noruega estão envolvidos no projeto Relacionando a biodiversidade e os serviços e funções do ecossistema na região do Serenguéti-Mara, na África Oriental. Mais mestrandos e doutorandos devem se juntar ao grupo.

"O mais importante é fortalecer a especialização na Tanzânia. Minha maior meta e motivação é formar bons especialistas e profissionais tanzanianos", observou Roskaft. "Especialmente em países como o Quênia e a Tanzânia, que têm recursos naturais abundantes, é importante que os cidadãos locais tenham o conhecimento necessário para fazer suas próprias avaliações e julgamentos profissionais."

Desde pequeno, o professor tinha uma fascinação pela África, colecionava cartões postais e lia livros sobre o Serenguéti. É uma "honra indescritível", disse ele, poder fazer esta pesquisa financiada pela UE.

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