Os efeitos negativos de uma crise econômica geralmente são analisados pelos seus impactos econômicos, sociais e psicológicos. Agora, os pesquisadores estão examinando o impacto sobre a saúde. De acordo com um novo estudo, o aumento no desemprego eleva significativamente a mortalidade por câncer da próstata.
É a primeira pesquisa a explorar sistematicamente as consequências do desemprego de 1990 a 2009, especialmente da Grande Recessão de 2008-9, sobre uma doença tratável como o câncer de próstata. Depois de um aumento de um ponto percentual na taxa de desemprego, o efeito permanece por ao menos cinco anos, concluiu o médico Johnathan Watkins, do King's College de Londres.
Nos países industrializados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE), o câncer de próstata é responsável por um sexto das mortes por câncer em homens.
Um dos objetivos da pesquisa foi verificar se os pacientes desempregados não pertenciam a grupos com maior tendência de morrer de câncer na próstata. Aparentemente não. Os cientistas tentaram controlar os outros fatores capazes de contribuir para a morte como situação econômica infraestrutura, recursos dos hospitais e gastos com saúde.
A crise econômica levou vários países a adotar políticas de cortes de gastos públicos e aumentos de impostos, o chamado ajuste fiscal, para equilibrar as contas públicas. Costuma ser associada a uma deterioração da saúde, com aumento no número de suicídios, depressão, maior incidência de doenças infectocontagiosas e alta na mortalidade.
"Há duas conclusões deste estudo", resumiu Watkins. "Primeiro, as políticas de apoio ao emprego podem ter um efeito positivo nas taxas de mortalidade de doenças tratáveis como o câncer na próstata. Segundo, os profissionais de saúde devem estar atentos aos riscos adicionais causados pelo desemprego e facilitar o acesso aos cuidados de saúde para desempregados."
O relatório da pesquisa está disponível na revista científica digital ecancermedicalscience, do Instituto Europeu de Oncologia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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