Não há alternativa ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Faixa de Gaza. É impossível derrubá-lo no momento, admitiu o chefe do Comando Sul das Forças de Defesa de Israel, general Sami Turgeman, noticiou hoje o jornal inglês The Guardian. A direita israelense entende que o território deveria ter sido retomado na guerra de 2014.
Um dos comandantes daquela guerra, Turgeman deixa o posto daqui a dois meses. Numa reunião com líderes comunitários israelenses, ele reconheceu que "a maioria de Gaza vê o Hamas como
única solução para seus problemas".
O general não concorda com as opiniões do primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu e de outros expoentes da direita israelense de que o Hamas segue a mesma ideologia do Estado Islâmico do Iraque e do Levante: "O Hamas não quer uma guerra santa global."
Turgeman reduziu a dimensão da vitória israelense do ano passado: "Para o Hamas, o número de mortos e a quantidade de nossos ataques não são uma medida de sucesso ou fracasso. O que interessa para eles é não perder e continuar no poder."
Na sua análise, o comandante militar israelense considerou inevitáveis conflitos periódicos com o Hamas em Gaza, chegando a cogitar a possibilidade de remover os cidadãos de Israel de áreas próximas à fronteira: "Gaza tem uma autoridade independente que funciona como um país. Há um governo com um planejamento anual, órgãos executivos e autoridades fiscalizadoras."
O poder está claramente nas mãos do principal movimento islamita palestino: "Dentro desse país, há um grupo governante chamado Hamas, que sabe como exercer o poder. No momento, não há um governo alternativo para substituir o Hamas em Gaza."
A possibilidade de entregar Gaza à Autoridade Nacional Palestina, presidida por Mahmoud Abbas, do partido não religioso Fatah (Luta), foi descartada: "Os únicos substitutos para o Hamas são as Forças de Defesa de Israel e o caos autoritário. Nenhum outro eixo pode controlar Gaza. A Autoridade Palestina não tem a menor condição."
Para o general, o rearmamento do Hamas é normal: "Não conheço nenhuma força militar que não se rearme depois de uma guerra. Nós fizemos isso também."
Desde que se retirou unilateralmente da Faixa de Gaza, em 2005, por iniciativa do então primeiro-ministro Ariel Sharon, Israel não tem mais objetivos militares em Gaza, acrescentou, a não ser "a prevenção do caos e da crise humanitária. Quem pensa que esta luta é apenas militar não entende a questão. O Hamas faz tudo para exasperar nossa sociedade. Faz tudo para nos pressionar a usar a força contra eles."
É uma guerra de atrito e desgaste permanente. A formação do novo governo de Israel, em que o partido de ultradireita Casa Judaica exigiu que os colonos passem a controlar as construções nos territórios árabes ocupados, enterra o processo de paz com os palestinos ao tornar permanente a ocupação da Cisjordânia. E torna a guerra permanente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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