Sem pagar por seus crimes, morreu do coração hoje aos 63 anos Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, ditador do Haiti de 1971 a 1986, informou o jornal francês Le Monde. De volta ao país depois de torrar a fortuna na França, ele estava sendo processado por crimes contra a humanidade cometidos durante seu governo.
"A família nos telefonou pedindo um helicóptero depois do ataque cardíaco, mas não houve tempo para transportá-lo", declarou a ministra da Saúde, Florence Guillaume Duperval.
Em 1971, aos 19 anos, o Baby Doc, herdou o regime cruel instaurado por seu pai, François Duvalier, o Papa Doc, em 1957, e os policiais conhecidos como tontons macoutes, notórios pelas ações terroristas, perpetuando a ditadura no país mais pobre da América.
Milhares de haitianos foram mortos pela ditadura da família Duvalier.
Deposto numa revolta popular em 1986, Jean-Claude Duvalier fugiu para o Sul da França, onde viveu num exílio dourado durante 25 anos, até voltar espetacularmente ao Haiti em 2011, sob a alegação de "querer ajudar o povo haitiano" depois do terremoto que arrasou Porto Príncipe em 2010.
Em 2012, um juiz de instrução abriu processo contra o Baby Doc por desvio de fundos, mas rejeitou a denúncia contra os direitos humanos alegando que eram crimes prescritos. Ele só se apresentou à Justiça depois de muitas intimações, em fevereiro de 2013.
Um ano depois, em fevereiro de 2014, um tribunal de apelações decidiu pelo julgamento, considerando os crimes contra a humanidade imprescritíveis. Mas o processo não foi concluído e mais um abominável ditador latino-americano morreu impune.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário