Depois de oito horas de discussões, a União Europeia chegou na madrugada de hoje a um acordo para reduzir a emissão dos gases que causam o aquecimento global até 2030 em 40% em relação às emissões de 1990, anunciou o presidente executivo do bloco, o ex-primeiro-ministro belga Herman van Rompuy.
O segundo compromisso europeu é aumentar de 14% para 27% a geração de energia por fontes renováveis. Por fim, a UE vai tentar aumentar a eficiência energética em 30% até 2030.
Assim, a Europa espera dar um impulso decisivo na 21ª reunião das partes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a ser realizada em Paris, na França, de 30 de novembro a 11 de dezembro de 2015, rumo a um acordo global para reduzir a emissão dos gases que agravam o efeito estufa e aumentam a temperatura média do planeta com sérios riscos como secas, enchentes, tempestades e elevação do nível dos oceanos.
Mas o sucesso da CoP 21 em chegar a um acordo que substitua o Protocolo de Quioto, de 1997, está longe de ser atingido. Afinal, a UE é responsável hoje por apenas 11% das emissões. Se tomar medidas unilaterais, o impacto será limitado.
A China, maior poluidor mundial, não aceita se comprometer com metas de redução de emissões sob o argumento de que não é responsável pela poluição do passado, quando não era uma potência industrial, e que qualquer limite vai frear o desenvolvimento econômico do país.
Nos Estados Unidos, segundo maior produtor mundial, a provável derrota do Partido Democrata nas eleições para o Congresso de 4 de novembro de 2015 ameaça deixar o presidente Barack Obama em minoria na Câmara e no Senado. Como parte da direita republicana nega que a atividade humana seja responsável pela mudança do clima, a chance de aprovar um acordo internacional é praticamente zero.
Nem mesmo o Protocolo de Quioto, de 1997, negociado com ativa participação do então vice-presidente americano Al Gore, teve chance de ser ratificado pelo Senado dos EUA. O acordo previa uma redução até 2012 de 5% das emissões de 1990 de 37 países industrializados. As economias emergentes e em desenvolvimento foram poupadas porque não eram responsáveis pelas emissões do passado.
Como os EUA rejeitam qualquer solução que não imponha limites aos países emergentes, o impasse entre os dois maiores poluidores dificulta a obtenção de um consenso.
De acordo com os estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, do inglês), que reúne cientistas do mundo inteiro, sem uma ação efetiva para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a temperatura média da Terra deve subir entre 1,1ºC e 6,4º C no século 21, com forte impacto sobre zonas tropicais, áreas costeiras e a produção agrícola, desequilíbrios climáticos e tempestades mais violentas, secas e enchentes, escassez de água, fome, migrações em massa e conflitos capazes de provocar guerras.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
UE promete cortar 40% das emissões de gases do efeito estufa
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