Sem acusar nenhum país diretamente, o governador regional de Hong Kong, Leung Chung-ying, denunciou hoje a participação de "forças externas" na onda de manifestões pela democracia no território. Desde 28 de setembro de 2014, um movimento estudantil defende a realização de eleições diretas para governador em 2017.
"Não vou entrar em detalhes, mas não é um movimento totalmente interno", alegou Leung, seguindo a orientação do regime comunista da China, que se nega a fazer qualquer concessão democrática para evitar reivindicações em outras regiões do país, e insinua que os Estados Unidos e a Europa fomentam os protestos.
O líder do movimento estudantil, Joshua Wong, de apenas 17 anos, reagiu com ironia: "Minhas ligações com o exterior se limitam a um telefone celular sul-coreano, um computador americano e meu Gundam japonês", referindo-se a uma série de desenhos animados. "Com certeza, é tudo fabricado na China."
Já o presidente da Federação dos Estudantes de Hong Kong, Alex Chow, cobrou do governador a apresentação de provas para embasar a acusação. Uma nova reunião de diálogo está marcada para terça-feira. Mais uma vez, parece uma jogada do governador para ganhar tempo, apostando no esvaziamento das manifestações.
No fim de semana, houve confrontos entre manifestantes e a polícia. Mais de 20 pessoas saíram feridas e pelo menos quatro foram presas.
Hong Kong era uma colônia britânica estabelecida com base no Tratado de Nanquim, de 1842, que pôs fim à Primeira Guerra do Ópio (1839-42). Quando foi devolvida, em 1997, a República Popular da China, comunista, se comprometeu a manter o regime capitalista e as liberdades democráticas durante pelo menos 50 anos, com a fórmula "um país, dois sistemas", formulada pelo falecido líder Deng Xiaoping tendo em vista a reintegração de Taiwan.
Pela Lei Básica, uma espécie de Constituição de Hong Kong, o próximo governador deve ser eleito diretamente pelo povo. Quando o regime comunista chinês indicou a determinação de vetar candidatos, os protestos populares começaram.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
Governador de Hong Kong denuncia interferência estrangeira
Marcadores:
China,
Estudantes,
Hong Kong,
Joshua Wong,
Leung Chung-ying,
manifestações,
Primeira Guerra do Ópio,
protestos,
Regime Comunista,
Tratado de Nanquim
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário