Num passo decisivo para neutralizar a superioridade estratégica dos Estados Unidos, a China deve armar ainda em 2014 os submarinos a propulsão nuclear de sua Marinha de Guerra com mísseis nucleares, adverte o Escritório de Inteligência Naval da Marinha dos EUA.
A China não esconde seus submarinos nucleares, observa o jornal conservador americano The Wall St. Journal. Turistas que estiveram numa estação de veraneio na província de Hainan podiam vê-los claramente no último verão no Hemisfério Norte. Na praia, guias orientavam quem alugava motos aquáticas a tomar cuidado para não se aproximar dos submarinos.
Em dezembro de 2013, o Ministério da Defesa da China tinha convidado
os assessores militares estrangeiros para uma reunião em seu
quartel-general, em Beijim. Para surpresa geral, anunciou que um
submarino nuclear chinês passaria em breve pelo Estreito de Málaca,
entre a Indonésia e a Malásia, uma das principais rotas do comércio
internacional.
Dias depois de submergir no estreito, o
submarino nuclear chinês veio à tona perto do Sri Lanka e a seguir no
Golfo Pérsico, antes de voltar por Málaca, em fevereiro de 2014. Foi a primeira
viagem revelada publicamente de um submarino nuclear da China pelo Oceano
Índico.
A China realizava o sonho de ter uma Marinha de águas profundas. Não precisava na era maoísta quando era um país introvertido preocupado apenas com a defesa de seu território.
Hoje, como uma grande potência comercial, quer garantir a segurança das grandes rotas comerciais, reafirmar, à força se necessário, suas reivindicações sobre territórios e mares territoriais em disputa com países vizinhos, e impedir intervenções militares dos Estados Unidos contrárias a seus interesses no Leste da Ásia. Já tem porta-aviões, mísseis e submarinos para isso.
Da costa da China, os submarinos nucleares chineses logo serão capazes de bombardear os estados americanos do Havaí e do Alasca. Do meio do Oceano Pacífico, podem atingir o continente americano.
"É uma carta na manga que orgulha a pátria e aterroriza nossos adversários", escreveu o comandante da Marinha, almirante Wu Shengli, numa revista do Partido Comunista. "É uma força estratégica que simboliza o status de grande potência e sustenta a segurança nacional."
Os EUA entenderam: "Eles foram muito claros na mensagem", comentou o vice-almirante Robert Thomas, um ex-oficial de submarinos que hoje comanda a 7ª Frota dos EUA, baseada em Yokosuka, no Japão, com 60 navios, 300 aviões de combate e 40 mil soldados da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais distribuídos também por outras bases na Coreia do Sul e do Japão.
Nos últimos dias, a Índia e o Vietnã reafirmaram uma aliança militar destinada sobretudo a conter a China, que começou a explorar petróleo em ilhas disputadas com o Vietnã e reagiu à força diante da aproximação de navios vietnamitas.
Em 2011, a China protestou contra a presença de um navio de guerra indiano no Vietnã. Quando a Índia e o Vietnã assinaram um acordo para explorar petróleo, em setembro daquele ano, o regime comunista chinês reafirmou que "a China tem soberania indiscutível sobre o Mar da China Meridicional".
A China também tem disputas territoriais com a Coreia do Norte, o Japão, Taiwan, Brunei, as Filipinas, a Índia, a Indonésia e a Malásia. Todos observam com atenção e, à exceção da Índia, com uma sensação de impotência para o desenvolvimento dos submarinos chineses.
Com o aumento do poderio militar chinês, cada vez menos os outros países asiáticos confiam nos EUA para garantir sua segurança. Não acreditam que os americanos estejam dispostos a enfrentar a China se a segurança nacional dos EUA não estiver diretamente em jogo.
Meses atrás, ao comentar a decisão do presidente Barack Obama de não bombardear a Síria apesar de ter ameaçado fazer isso se o governo usasse armas químicas na guerra civil, um general e professor da Academia Militar da China ironizou, dizendo que os EUA estão com um problema de "disfunção erétil". Já o regime comunista chinês está disposto a esmagar quem ousar se atravessar na sua marcha para se tornar uma superpotência.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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