O professor francês Jean Tirole, diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Toulouse, na França, ganhou hoje o Prêmio Nobel de Economia de 2014 por estudos sobre o comportamento de grandes empresas e como regulamentar sua atividade para impedir a formação de oligopólios, anunciou em Estocolmo a Academia Real de Ciências da Suécia.
Tirole, de 61 anos, doutor pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, "fez contribuições teóricas importantes em várias áreas, mas acima de tudo esclareceu como entender e regular setores com poucas empresas poderosas", justificou o Comitê do Nobel. Ele estudou empresas ineficientes que mantiveram a liderança em seus mercados aproveitando-se de monopólios e regulamentações favoráveis.
"Fiquei inacreditavelmente surpreso com a honraria", declarou o
economista, terceiro francês a levar o prêmio. "Precisei de meia hora
para me recuperar." Pela primeira vez desde 1999, não há americanos
entre os agraciados.
Pela sua análise, incentivos e protecionismo não funcionam com essas empresas, que tendem a se tornar improdutivas, ineficientes e inadministráveis. Conclusão: "O mercado precisa de um Estado forte para funcionar normalmente."
Sem uma regulamentação eficiente, as empresas oligopolistas deixam de inovar e tendem a cobrar preços desnecessariamente altos, aproximam-se das agências reguladoras e usam as regras vigentes para afastar competidores, especialmente em setores como finanças e telecomunicações.
Hoje, Tirole examina empresas como Apple e Google para ver como usam as pesquisas e
informações obtidas dos consumidores para manter suas posições dominantes no
mercado.
"Depois de Patrick Modiano [Literatura], outro francês no firmamento. Cumprimentos, Jean Tirole! Um dedo no olho de quem fala mal da França", festejou o primeiro-ministro socialista Manuel Valls, que luta para fazer reformas pró-mercado no país em crise.
Para tirar a França da estagnação e do desemprego elevado, de 10% da população economicamente ativa, Tirole defende uma reforma da legislação trabalhista "para dar um futuro a nossas crianças", responsabilizando a atual regulamentação do mercado de trabalho no Sul da Europa pelo desemprego elevado.
Em 2003, ao lado do atual diretor de pesquisas do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, ele propôs a criação na França de um contrato de trabalho para substituir os contratos por prazo determinado e indeterminado.
Hoje, observa o ganhador do Nobel de Economia, os jovens só conseguem contratos de prazo determinado. Assim, a lei aprovada em defesa do trabalhador protege quem está dentro do mercado de trabalho, mas exclui o resto, inclusive quem quer entrar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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