O atirador morto hoje pela polícia do Canadá depois de invadir a sede do Parlamento, em Ottawa, foi identificado como Michel Zehaf Bibeau. Ele nasceu no país e tinha uma longa ficha criminal por posse de drogas, pequenos roubos e fraudes em cartões de crédito antes de se converter ao islamismo, informou a televisão americana CNN, citando como fontes agentes americanos.
Zehaf Bibeau atirou no cabo Nathan Cirillo, que guardava o Memorial da Guerra e morreu. Em seguida, o terrorista invadiu o Parlamento, onde saiu atirando até ser morto pelo chefe de segurança, Kevin Vickers, que está sendo tratado como herói.
A polícia de Ottawa e a Polícia Montada Real do Canadá ainda procuram outros atiradores ou cúmplices. O Congresso continua fechado e o centro da cidade isolado.
Em pronunciamento à nação, o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, declarou que "o país está sujeito a atentados terroristas como qualquer outro", mas "o Canadá não será intimidado". O caso está sendo tratado como terrorismo, informou o jornal The Globe and Mail.
Apesar da enorme diferença de proporções do ataque, é o equivalente para o Canadá dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, um alerta de que o país perdeu sua aura de paz e tranquilidade.
Na véspera, a polícia canadense tinha matado no Quebec outro muçulmano convertido, um extremista que atropelara dois soldados de propósito, matando um deles. Os ataques aconteceram no momento em que o Canadá elevou de baixo para médio o nível de alerta contra o terrorismo, diante de rumores de atentados no país detectados em salas de bate-papo de jihadistas na Internet.
Membro frequente de missões de paz das Nações Unidas, o Canadá se associou aos EUA na guerra contra a milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que está recrutando vários jovens rebeldes ocidentais.
O grande medo no Ocidente não é que o EIIL faça atentados como os de 11 de setembro de 2001. É a volta para casa de terroristas treinados nas guerras do Oriente Médio.
Ao atacar o coração do Canadá, o terrorismo mostra como será difícil derrotar o Estado Islâmico. Não faltam rebeldes e desajustados nos países ocidentais para aderir ao jihadismo. Uma das preocupações centrais da guerra é evitar que os estilhaços atinjam os EUA e seus aliados.
No mês passado, o porta-voz do Estado Islâmico, Abu Mohamed al-Adnani, exortou os fiéis à sua visão fundamentalista a atacar soldados e civis dos países ocidentais.
Embora a maioria dos muçulmanos que vivem no Ocidente seja de cidadãos pacatos e cumpridores da lei, a minoria radicalizada é suficiente para gerar um mal-estar permanente na relação dos muçulmanos com a sociedade e se nutrir dele à medida que a discriminação produza novos voluntários do martírio.
Este é o principal desafio doméstico de travar uma nova guerra contra terroristas: manter a segurança interna sem comprometer as liberdades democráticas e os direitos civis.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Eu não falei que a temporada de atentados ia começar?
Ainda não se conhecem as afiliações do terrorista morto. O grande medo é a volta para a casa dos voluntários do martírio que estão lutando ao lado do Estado Islâmico.
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