O governador regional da Catalunha, Artur Mas, anunciou hoje que o plebiscito sobre a independência da Espanha convocado para 9 de novembro de 2014 será transformado numa consulta popular de cumprimento não obrigatório.
Será uma "votação preliminar", declarou Mas. A votação definitiva fica adiada indefinidamente.
A proposta inicial foi considerada ilegal pelo Tribunal Constitucional da Espanha. Pela Constituição de 1978, para evitar a fragmentação do país, plebiscitos sobre independência devem ser realizados na Espanha inteira e não apenas na região interessada em se separar.
Com a consulta popular, o governador catalão busca legitimidade para o movimento pela independência, que mobilizou mais de 1 milhão de pessoas em manifestação em Barcelona, a capital da província, a mais rica da Espanha.
A ala moderada do partido governista Convergência e União foi a favor de adiar o plebiscito. Já o partido Esquerda Republicana, que não faz parte da coalizão de governo, mas costuma votar a favor do governo no parlamento regional, insistiu na necessidade da consulta popular.
Artur Mas tentou conciliar as duas posições e adiar o enfrentamento com o governo central em Madri, mesmo reconhecendo que pode perder o apoio da Esquerda Republicana, cada vez mais popular por causa do apoio à independência.
Há o risco de que o movimento pela independência rompa com o governo regional e inicie uma onda de manifestações de protesto para exigir a antecipação das eleições, na expectativa de ampliar o apoio à separação da Espanha. A luta pela independência deve dominar a política catalã nos próximos anos.
Depois da morte do ditador Francisco Franco, em 1975, e da redemocratização da Espanha, várias regiões receberam autonomia, mas na Catalunha e no País Basco isso foi insuficiente para calar os movimentos pela independência. Eles ganharam força com a crise econômica dos últimos anos e a vitória do conservador Partido Popular nas eleições nacionais de 20 de novembro de 2011.
Quando a Escócia fez seu plebiscito para sair do Reino Unido, em 18 de setembro de 2014, apesar da derrota, os separatistas bascos e catalães ganharam novo estímulo para a luta.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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