Sob pressão de uma crise econômica sem precedentes e das milícias chavistas, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, transferiu a ministra da Defesa, vice-almirante Carmen Meléndez, para o cargo de ministra do Interior em substituição a Miguel Rodríguez Torres, acusado por abusos policiais. O comandante-em-chefe das Forças Armadas, general Vladimir Padrino López será o novo ministro da Defesa.
A pressão contra Rodríguez Torres vinha sobretudo dos "coletivos", as milícias organizadas pelo presidente Hugo Chávez para defender sua "revolução" depois do golpe de abril de 2002. Eles fazem sua própria lei e se impõe à força nos bairros populares.
Em 7 de outubro, a polícia científica invadiu a sede de um coletivo, a Frente 5 de Março, na periferia de Caracas e matou cinco milicianos, inclusive o líder do grupo, José Odreman. O então ministro do Interior os chamou de "delinquentes e assassinos", mas não apresentou provas. Odreman foi enterrado no "cemitério dos mártires" às custas do governo como um herói nacional.
Meléndez foi a primeira mulher venezuelana promovida a almirante. Foi nomeada por Chávez em 3 de julho de 2012.
O general Padrino López foi nomeado comandante do Exército e do Estado-Maior das Forças Armadas por Maduro no ano passado.
Com uma inflação de 70% e desabastecimento de vários produtos básicos, de leite, carne e farinha a papel higiênico, e sem o carisma de Chávez, Maduro mais do que triplicou o número de militares no governo em relação a Chávez. Hoje, são mais de 900. Ex-motorista de caminhão e sindicalista, ele não é militar e vive com medo de um golpe.
A falta de controle sobre os coletivos alimenta a violência na Venezuela, um dos países fora de zonas de guerra com um dos maiores índices de homicídios, que chega a 79 mortos por ano para cada 100 mil habitantes na capital, Caracas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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