Sob pressão dos Estados Unidos, a Turquia concordou hoje em abrir sua fronteira para que guerrilheiros curdos entrem na Síria e se juntem à resistência na cidade de Kobane, alvo de uma ofensiva da milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Desde ontem, os EUA estão jogando armas, munições e suprimentos médicos para os curdos em Kobane.
Três aviões de transporte militar americanos C-130 jogaram de paraquedas a partir de domingo 27 pacotes com a ajuda de emergência, mostrando à Turquia ser capaz de fazer isso sem cruzar território turco.
Depois de 135 ataques aéreos, a Força Aérea dos EUA e seus aliados conseguiu conter a ofensiva jihadista. A vitória na Batalha de Kobane depende de uma operação terrestre que nem os EUA nem seus aliados ocidentais querem fazer.
Como a Turquia também reluta em cruzar a fronteira da Síria, concordou hoje em dar passagem a guerrilheiros do Curdistão iraquiano, que tem hoje um governo autônomo dentro do Iraque. Num contra-ataque, o Estado Islâmico lançou 15 ataques contra os curdos no Iraque.
O governo turco não quis ajudar os guerrilheiros curdos da Síria porque as chamadas Unidades de Proteção Popular são aliadas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um antigo inimigo com quem negocia a paz nos últimos dois anos. O PKK luta há 30 anos para tornar parte do Sudeste da Turquia em um Curdistão independente, com territórios que hoje fazem parte do Irã, do Iraque e da Síria.
Uma vitória curda no Norte da Síria com o apoio de guerrilheiros curdos da Turquia e do Iraque deixaria ainda mais próximo o sonho de criar o Curdistão, adiado no fim da Segunda Guerra Mundial. Deve ser uma das consequências da guerra contra o Estado Islâmico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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