Todas as grandes empresas que surgiram na Rússia pós-comunista receberam ajuda, influência política e dinheiro de ex-agentes secretos do KGB (Comitê de Defesa do Estado), a polícia política e verdadeiro núcleo do poder na União Soviética, de onde saiu o atual homem-forte do Kremlin, Vladimir Putin, aliado do Brasil no grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que reúne grandes economistas emergentes.
Seu poder apoia sobre uma teia de negócios suspeitos, descreve a cientista política Karen Dawisha, professora da Universidade de Miami em Ohio, no livro A Cleptocracia de Putin: quem é dono da Rússia?, resenhado pelo jornal The Wall St. Journal.
A conspiração para capturar bens e ativos, inclusive o dinheiro, do Estado soviético em colapso começa nos anos 1980s. Diante das reformas de Mikhail Gorbachev, em 23 de agosto de 1990, um ano antes do golpe que tentou derrubá-lo e acabou destruindo a URSS, o Comitê Central do Partido Comunista baixou decreto autorizando "medidas urgentes para organizar as atividades econômicas e comerciais do partido dentro e fora do país".
O decreto defendia "a necessidade de um canal autônomo para chegar ao caixa do partido... com o objetivo final de criar uma estrutura econômica invisível".
Putin foi oficial do KGB de 1975 a 1991, mas não há indícios de seu envolvimento com atividades ilegais naquela época, só depois, quando ele começou a trabalhar em São Petersburgo, conhecida como o "paraíso dos gângsteres". Quando chefiou o Comitê de Relações Exteriores da cidade, que dava autorizações para importar e exportar, desapareceram US$ 100 milhões de exportações de matérias-primas.
Dawisha faz a mais minuciosa investigação divulgada até hoje sobre a corrupção na Rússia, sua história e origens. Vai além de O Homem sem Face, de Masha Gessen, outra crítica feroz ao líder que sonha em restaurar pelo menos parte do poder imperial soviético e da Rússia czaristas, como se vê na mal dissimulada intervenção militar na Ucrânia.
Desde que chegou ao poder, em 1999, Putin criou "um regime que tenta controlar as empresas privatizadas, restringir a democracia e resgatar o status de superpotência da Rússia", argumenta a pesquisadora.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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