O Exército das Filipinas matou 14 rebeldes muçulmanos numa batalha na ilha de Mindanau, anunciou ontem um porta-voz militar. As forças governamentais tomaram três bases e uma fábrica de bombas.
Apesar das negociações de paz do governo Benigno Aquino III, os militares pediram mais três dias para reduzir o poder de fogo dos rebeldes.
A ofensiva tem dois alvos principais: os Combatentes Islâmicos pela Libertação de Bangsamoro e uma parte da Frente de Libertação Islâmica Moro que seria contra o processo de paz.
Em 25 de janeiro, a Força de Ação Especial da Polícia Nacional das Filipinas iniciou uma operação para prender os fabricantes de bombas filipino Basil Usman e o malasiano Zulfiki ben Hir, mais conhecido pelo nome de guerra de Marwan.
Os rebeldes reagiram e 44 comandos foram mortos, violando um acordo inicial assinado dentro das negociações de paz com o governo Aquino em março de 2014 pela Frente Islâmica Moro, rejeitado pelos Combatentes de Bangsamoro.
Depois desse massacre, o comando militar de Mindanau e a força de operações especiais da Polícia Nacional deflagraram uma ofensiva em 20 de fevereiro contra os rebeldes de Bangsamoro em Magundanau e Cotabato do Norte. A Frente Islâmica Moro, que tem cerca de 11 mil homens em armas, negou responsabilidade pelo massacre.
Benigno Aquino deixa o governo em maio de 2016. A paz será seu grande legado, se ele conseguir aprovar as leis necessárias no início de 2015, antes que a radicalização da campanha eleitoral complique o processo de paz. O massacre não ajuda a estratégia política do presidente.
A proposta do governo, apresentada ao Congresso em setembro de 2014, dá autonomia regional a Bangsamoro depois de duas décadas de negociações e precisa ser ratificada num referendo a ser realizado na região ainda sob a presidência de Aquino.
A dúvida é se exige uma emenda à Constituição das Filipinas. O governo sustenta que não. A Corte Suprema dará a palavra final. Se for obrigado, Aquino pode tentar a reforma constitucional. Com o Congresso em campanha, é provável que o acordo seja desfigurado, aumentando o risco de violência e derrotado no referendo de Bangsamoro.
De qualquer maneira, observa a empresa de análises estratégicas Stratfor, mesmo com uma ampla reforma, a autonomia em si não vai acabar com a violência em Bangsamoro. Os grupos armados marginalizados na negociação não devem aceitar um governo da Frente Moro, especialmente no arquipélago de Sulu, base da Frente de Libertação Nacional Moro, de onde saiu a Frente de Libertação Islâmica Moro.
Outros grupos ainda mais radicais, como os extremistas muçulmanos do Abu Sayyaf e os comunistas do Novo Exército Popular, devem continuar atacando na ilha de Mindanau, no Sul das Filipinas, mesmo que as negociações do governo com a Frente de Libertação Islâmica Moro levem a um acordo de paz.
Desde 1960, mais de 150 mil pessoas foram mortas na guerra civil em Mindanau, uma província de 20,5 milhões de habitantes, sendo cerca de 4,5 milhões de muçulmanos
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 9 de março de 2015
Filipinas matam rebeldes e tomam três bases em Mindanau
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