A informação divulgada ontem de que os Estados Unidos "rejeitam qualquer limitação para operar no espaço" e que "negarão seu uso a adversários, se necessário", confirma que os americanos estão convencidos de que o regime de não-proliferação está superado e que a única garantia de defesa é a instalação de um sistema espacial antimísseis na linha do Programa Guerras nas Estrelas, anunciando em 1983 pelo presidente Ronald Reagan.
O atual secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, admitiu que cerca de 40 países dispõem hoje da tecnologia necessária para desenvolver armas nucleares e mísseis que as transportem até seus alvos. Se estiverem determinados, será impossível impedi-los, reconhece o chefe do Pentágono.
Para ser eficiente, um sistema de defesa antímisseis precisa ser capaz de detectar o lançamento dos mísseis inimigos, rastreá-los, destruí-los no espaço, possivelmente com armas de raios laser, e certificar-se de que foram efetivamente neutralizados. Isto é considerado praticamente impossível para uma chuva de mísseis voando a velocidades de milhares de quilômetros por hora. Não funcionaria numa guerra contra uma grande potência nuclear. Poderia dar certo contra um número limitado de mísseis. Mas até o momento não há garantias.
O espaço é a última fronteira. Os EUA querem garantir a manutenção de sua supremacia militar. Em outubro do ano passado, votaram contra na ONU uma proposta que bania a instalação de armas no espaço. A Doutrina Bush, de guerras preventivas, chega à última fronteira.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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