A Argentina é refém politicamente de dois cadáveres que volta e meia são mexidos na tumba. Os restos mortais do general Juan Domingo Perón, que até hoje domina a política argentina, foram levados hoje do cemitário de La Chacarita para um túmulo numa propriedade rural onde ele e sua segunda mulher, Maria Eva Duarte de Perón, a Evita, passavam as férias.
A data escolhida, 17 de outubro, foi o dia em que Perón voltou nos braços do povo depois de ser preso numa tentativa de golpe, em 1945, por iniciativa da Confederação Geral do Trabalho. A mesma CGT que criou o mausoléu e decidiu remover os restos mortais do caudilho que, 32 anos depois de morto, ainda é a principal força política da Argentina.
Perón seria eleito presidente em 1946 e reeleito em 1952. Foi deposto em 1955.
Uma característica do peronismo é ser uma coligação heterogênea de forças que vão da extrema direita à extrema esquerda, dos Montoneros à temida Aliançá Anticomunista Argentina, a Triple A, unidas aparentemente apenas em sua devoção ao caudilho.
Ontem, mais uma vez, como na volta do general à Argentina, em 20 de junho de 1973, na famosa Batalha de Ezeiza (aeroporto internacional de Buenos Aires), peronistas de esquerda e de direita se enfrentaram a socos, pedradas, pontapés e tiros.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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