sábado, 21 de outubro de 2006

Israel usou estratégia errada no Líbano

Dois dias depois do início da ofensiva israelense contra a miliícia fundamentalista xiita Hesbolá (Partido de Deus) no Líbano, em 14 de julho, políticos, militares e diplomatas de Israel já estavam questionando a estratégia, revela hoje o jornal americano The Washington Post.

Enquanto a Força Aérea de Israel preparava-se para bombardear o Sul de Beirute, a unidade de pesquisas da inteligência militar israelense apresentava um relatório questionando a capacidade do plano de guerra de atingir os objetivos estratégicos:
• resgatar os dois soldados israelenses capturados pela milícia xiita;
• e neutralizar a capacidade militar do Hesbolá, especialmente de atacar Israel com mísseis.

A análise coloca em dúvida o sucesso de uma campanha baseada em bombardeios aéreos maciços e uma pequena operação terrestre, prevendo que teria "resultados reduzidos". Não levaria à libertação dos soldados nem impediria que o Hesbolá disparasse 100 foguetes por dia contra Israel.

A guerra terminou 31 dias depois e estas previsões se confirmaram.

O exame dos primeiros dias da guerra revela que as novas autoridades israelenses, o primeiro-ministro Ehud Olmert, que sucedeu ao arquilinha-dura Ariel Sharon, e o novo ministro da Defesa, o líder trabalhista Amir Peretz, ambos sem experiência militar, lançaram uma grande operação sem uma estratégia de saída claramente definida.

Talvez o objetivo de seus inimigos fosse exatamente este, testar os novos líderes israelenses com ataques coordenados do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Faixa de Gaza e do Hesbolá no Norte de Israel. A reação foi exagerada e implacável. Dirigentes do Hesbolá admitiram que não pretendiam provocar uma guerra.

Mesmo que os israelenses esperassem uma resistência feroz do Hesbolá, foram surpreendidos com os guerrilheiros muçulmanos. Pelas observações dos analistas israelenses, o Hesbolá deve ter se preparado durante seis anos, desde a retirada unilateral israelense do Sul do Líbano ordenada pelo primeiro-ministro Ehud Barak em 2000, com ajuda da Síria e do Irã, e gastos de US$ 1,5 bilhão.

Só em 11 de agosto, Israel lançou uma grande operação terrestre para destruir as bases de lançamentos de mísseis do Hesbolá. Três dias depois, entrou em vigor o cessar-fogo. A tarefa não foi concluída. O objetivo não foi alcançado.

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