Mais de 1,6 milhão de iraquianos fugiram do país desde a invasão americana de março de 2003, informa o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Agora, diante da anarquia e da violência, os Estados Unidos querem sair também.
Na manhã de hoje, o presidente George Walker Bush insistiu em que a única vitória possível é só se retirar quando o governo democrático do Iraque tiver condições de se defender. Mas líderes do dois grandes partidos americanos temem que o governo Bush não consiga resolver o problema e deixa a guerra como herança para o próximo presidente.
Na terça-feira, 24 de outubro, o comandante militar americano no Iraque, general George Casey, anunciou a intenção de transferir o patrulhamento das ruas às novas forças de segurança iraquianas daqui a um ano e meio.
A duas semanas das eleições que podem lhe roubar a maioria na Câmara e no Senado, o presidente Bush se debate no atoleiro em que se meteu no Iraque. Com a morte de 92 soldados americanos em outubro até o dia 24, este deve ser o mês com maior número de americanos mortos no Iraque desde janeiro de 2005.
De cada três eleitores independentes, dois devem votar nos democratas e um nos republicanos, revela uma pesquisa do jornal The Washington Post e da TV ABC. Isto daria hoje uma vantagem aos democratas de 54% a 41%. A guerra é a maior preocupação dos eleitores.
Nos últimos dias, Bush reuniu seu Estado-Maior e discutiu alternativas para a campanha do Iraque. Em agosto, os EUA aumentaram o número de soldados para entrar diretamente no combate à violência em Bagdá, sem sucesso.
Na terça-feira, 24 de outubro, ao lado do embaixador americano no Iraque, o general Casey revelou estar estudando a possibilidade de colocar ainda mais soldados nas ruas para cumprir o cronograma de ação anunciado hoje: "Precisaremos de mais tropas? Talvez. Como eu sempre disse, chamarei quantas tropas forem necessárias, tanto iraquianas quanto estrangeiras".
A capital iraquiana é vista hoje como o centro de gravidade da guerra no Iraque. No conceito do estrategista prussiano Carl von Clausewitz, é o foco central da defesa ou o ponto-chave a ser atacado no inimigo. A partir de uma ilha de segurança em Bagdá, o objetivo seria expandir esta área até incluir todo o país.
Se os americanos não conseguirem estabilizar a situação nem em Bagdá, sua invasão será um total fracasso. Mas a colocação dos jovens soldados para fazer papel de polícia num ambiente hostil não funcionou e ainda colocou os americanos como alvos.
O Grupo Estratégico do Iraque, presidido pelo ex-secretário de Estado James Baker e pelo ex-deputado democrata Lee Hamilton, está examinando as alternativas para os EUA saírem do atoleiro. Suas conclusões só devem ser anunciadas depois das eleições de 7 de novembro.
Leia a íntegra em minha coluna de política internacional em www.baguete.com.br
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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