A violência política no Iraque acabaria "em meses" se o Irã e a Síria se juntarem aos esforços de estabilização do país, declarou hoje o presidente iraquiano, Jalal Talabani.
"Seria o começo do fim do terrorismo", disse o líder curdo em entrevista à BBC.
O Irã e a Síria, que são aliados, são inimigos dos Estados Unidos e, portanto, contra o projeto americano para o Iraque. No momento, é principalmente através da Síria que entram armas e recursos para a insurgência sunita e para a rede terrorista sunita Al Caeda, enquanto o Irã apóia a maioria xiita, que também tem milícias ferozes, como o Exército Mahdi, do aiatolá Muktada al-Sader, que controla as favelas xiitas da periferia de Bagdá.
A proposta de negociar com os inimigos seria da comissão presidida pelo ex-secretário de Estado americano James Baker para encontrar soluções para o atoleiro em que o presidente George Walker Bush colocou seus rapazes no Iraque. Baker lembrou que fazia isto, embora, na verdade, antes da Guerra do Golfo de 1991, para expulsar os iraquianos do Kuwait, tenha rifado os cristãos libaneses, entregando o controle do Líbano à Síria em troca do apoio sírio contra Saddam Hussein. Saddam já era inimigo da Síria, então a negociação foi mais fácil do que será agora.
Antes da reeleição de Bush, em entrevista à CNN, o professor Fred Halliday, da London School of Economics, deu a receita de relações internacionais para pacificar o Iraque: basta negociar com os países vizinhos que têm ascendência sobre as populações sunitas e o Irã, que tem forte influência sobre os xiitas.
O problema, raciocinava o professor Halliday, é que nem árabes nem iranianos têm interesse em ajudar o atual governo dos EUA, que não avança, por exemplo, na questão palestina, símbolo para os árabes de uma jnjustiça histórica.
Então o Iraque pode sangrar mais. Estão morrendo em média cem pessoas por dia. A situação é de caos e anarquia. Aumenta o coro dos que pedem a retirada das tropas, de deputados do Partido Republicano, de Bush, ao comandante do Exército Real britânico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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