segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Olmert faz aliança com linha dura em Israel

Na luta pela sobrevivência política depois da guerra no Líbano, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, fez uma aliança com um político da linha dura que propôs a cassação da cidadania israelense dos árabes, a execução de deputados que conversam com o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e o bombardeio de centros populacionais palestinos.

De imediato, a presença do partido Yisrael Beiteinu (Israel Nossa Casa), liderado por Avigdor Lieberman, ex-Likud, reduz as chances de uma retirada unilateral de parte da Cisjordânia, como Olmert prometia fazer quando eleito, em março deste ano. É um partido pró-imigração. Tenta captar os votos dos imigrantes russos a favor da linha dura em relação a árabes em geral e palestinos, alegando que eles são a favor da destruição de Israel.

Nas eleições de março de 2006, Yisrael Beiteinu elegeu 11 dos 120 deputados da Knesset. O partido Kadima (Avante), de Olmert, conquistou 28 cadeiras. Agora, a bancada do governo passa a contar com 78 deputados.

Lieberman, de 52 anos, é um antigo segurança de bar da ex-república soviética da Moldova que emigrou para Israel em 1978. Entrou na política como assessor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (1996-99), tornando-se famoso pela agressividade nas manobras nos bastidores da política.

Assessores do governo alegam que o discurso radical de Lieberman não passa de retórica. Mas as pombas da esquerda israelense, como o ex-ministro Yossi Beilin, líder do partido Meretz, acusam Olmert de "trair e fraudar o eleitorado".

"Um governo precisa de uma maioria estável e de uma base ampla para garanti-la", defende-se o primeiro-ministro.

O negociador palestino moderado Saeb Erekat, assessor do presidente Mahmoud Abbas, disse que trata-se de uma questão interna de Israel: "No final das contas, o que esperamos é um parceiro disposto a retomar o processo de paz e a acabar com esta situação terrível entre nossos dois povos".

Para o analista Yossi Alpher, é preocupante. Olmert está levando para dentro do governo israelense "um míssil desgovernado, um livre atirador".

Até agora, acreditava-se que a Beiteinu não entraria no governo porque seria vetado pelo Partido Trabalhista, segundo maior parceiro da coalizão governista. Os trabalhistas ficaram de tomar uma decisão oficial esta semana. A expectativa é que fiquem no governo. Olmert não trocaria seu apoio pela Beiteinu. Deve ter dado seu passo na certeza do apoio do resto da coligação.

Mas parte da esquerda israelense apela para que Peretz deixe o cargo de ministro da Defesa, onde divide a responsabilidade pelo relativo fracasso na guerra contra o Hesbolá no Líbano de 12 de julho a 14 de agosto, e torne-se líder da oposição. Entende que Lieberman é uma ameaça à democracia israelense e que não faz sentido participar de um governo com Yisrael Beiteinu.

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