O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve aprovar hoje uma resolução condenando o teste nuclear da Coréia do Norte e impondo sanções militares e financeiras ao regime stalinista de Pionguiangue. Um teste de radiação realizado pelos Estados Unidos confirmou ontem que os norte-coreanos explodiram mesmo uma bomba atômica na segunda-feira passada.
A resposta da ONU demorou por falta de consenso no Conselho de Segurança. Os EUA e o Japão queriam uma resposta dura e imediata mas a China e a Rússia relutaram porque os dois projetos de resolução anteriores apresentados pelos americanos tinham base no Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que autoriza o uso da força.
Para a China, é preciso ficar claro que a resolução não autoriza os EUA a atacarem a Coréia do Norte. Tudo o que a China, preocupada acima de tudo com o desenvolvimento econômico, não quer é uma guerra que deteriore o ambiente para negócios no Leste da Ásia.
Já a França e a Alemanha, pensando nas negociações com o Irã, pediram medidas duras contra a Coréia do Norte para dar um sinal à república islâmica que a proliferação nuclear será punida.
Até agora, o Irã rejeitou todas as propostas da União Européia para suspender seu programa de enriquecimento de urânio. Uma atitude complacente com a Coréia do Norte dará um sinal para o Irã seguir em frente com seu programa nuclear. Se a Coréia do Norte é um Estado em colapso cercado de potências que em princípio não ousará atacar, e usa a bomba numa chantagem atômica para conseguir ajuda externa, o Irã está no centro da região mais explosiva do mundo, o Oriente Médio.
Uma bomba nuclear iraniana encorajaria o Egito, a Turquia, a Arábia Saudita e a Síria a desenvolver armas atômicas.
Isto não quer dizer que a bomba norte-coreana não traga novos riscos, como a nuclearização do Japão e talvez da Coréia do Sul e até de Taiwan. Mas a situação do Oriente Médio é muito pior.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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