O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, condenou o teste nuclear da Coréia do Norte, considerando-o "inaceitável", e pediu ao Conselho de Segurança das Nações a imposição imediata de sanções contra o regime comunista de Pionguiangue. A crise está sendo discutida pelo Conselho de Segurança, em Nova Iorque.
Na verdade, o governo Bush é diretamente responsável pela decisão norte-coreana de fabricar a bomba atômica. Os EUA tinham feito um acordo com a Coréia do Norte em 1994, durante o governo de Bill Clinton.
Desde que assumiu, em 2001, Bush adotou uma atitude hostil em relação à ditadura militar stalinista de Pionguiangue, incluindo-a no chamado "eixo do mal", ao lado do Irã e do Iraque, no discurso do Estado da União de janeiro de 2002. Há quem diga que a Coréia do Norte só fui incluída no último momento para não se acusar somente países do Oriente Médio.
A realidade é que isto provocou uma radicalização ainda maior em Pionguiangue, acirrada quando os EUA denunciaram, em outubro de 2002, que a Coréia do Norte estava enriquecendo urânio. Com o conflito, o governo norte-coreano expulsou os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica e acelerou o desenvolvimento de armas nucleares.
Isto significa que a estratégia de confrontação adotada por Bush não funcionou nem as negociações envolvendo os seis países mais interessados na paz e na estabilidade no Leste da Ásia: China, Coréia do Norte, Coréia do Sul, EUA, Japão e Rússia.
Também não funcionou a estratégia chinesa de manter o diálogo e evitar medidas mais duras contra Pionguiangue.
O primeiro teste nuclear norte-coreano ameaça provocar uma corrida armamentista na região. A China e os EUA devem estar especialmente preocupados com a reação de seu inimigo na Segunda Guerra Mundial, o Japão.
Único país-alvo até hoje de bombas atômicas, o Japão já pensa em rever a Constituição pacifista imposta em 1947 pelos EUA. Poderia criar seu próprio dispositivo nuclear, alterando substancialmente o equilíbrio de forças na região.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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