sábado, 14 de outubro de 2006

Microcrédito vale Prêmio Nobel da Paz

O economista Muhammad Yunus, de Bangladesh, e seu Banco Grameen ganharam o Prêmio Nobel da Paz 2006 por promover "o desenvolvimento social e econômico a partir da base" com programas inovativos como microcrédito para pessoas pobres que não tinham acesso ao sistema financeiro por não ter garantias para oferecer, anunciou ontem em Oslo o Comitê Norueguês do Prêmio Nobel. As pequenas quantias, equivalentes a US$ 50 ou US$ 100, são usadas para financiar pequenos negócios domésticos.

"Toda pessoa tem tanto o potencial quanto o direito a uma vida decente", acrescentou o Comitê do Nobel, estabelecendo uma ligação entre miséria e conflito.

"Acredito firmemente que podemos criar um mundo sem pobreza, se quisermos", declarou Yunus ao receber a notícia.

Em 1976, ele emprestou o equivalente a US$ 27 a 42 pessoas, que ficaram tão felizes com o que para ele era tão pouco que Yunus resolveu ir banco negociar empréstimos para os pobres. O banco declarou que eles não tinham garantias para ter crédito

Yunus passou então a tomar os empréstimos ele mesmo. Funcionou. Todos os devedores pagaram seus empréstimos.

A experiência cresceu de uma vila para cinco, 20, 50, 100 vilas. Sempre deu certo. Mas os bancos convencionais se negavam a dar crédito aos pobres. "Finalmente, em 1983, criei meu próprio banco, o Banco Grameen. Hoje estamos em 62 mil das 68 mil vilas de Bangladesh. Emprestamos para 6,1 milhões de tomadores; 96% são mulheres. A taxa de pagamento é de 99%. Uma pesquisa interna mostrou que 58% destas pessoas saíram da pobreza absoluta".

O dinheiro geralmente é empregado na criação de um negócio doméstico ou em bolsas de estudos para familiares dos tomadores de empréstimos do banco. "Damos empréstimos até para mendigos de rua, cerca de US$ 10 para que eles possam vender de porta em porta em vez de pedir de porta em porta."

Na opinião do ganhador do Nobel da Paz, o mundo é criado por mentalidades: "Aceitamos a pobreza como uma realidade inevitável. Por isso, ela existe. Se a achássemos inaceitável numa sociedade civilizada, criaríamos as instituições e as políticas apropriadas para criar um mundo sem pobreza. Quisemos ir à Lua e fomos. Quisemos nos comunicar rapidamente e hoje nos comunicamos instantaneamente por pouco preço. Conseguimos o que queremos. Se não conseguimos, talvez seja porque não desejamos com a intensidade necessária."

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