A Coréia do Norte anunciou hoje, através da televisão estatal, a intenção de realizar em breve uma explosão experimental de uma bomba nuclear, atribuindo a decisão à "crescente hostilidade dos Estados Unidos".
O governo George Walker Bush considerou um possível teste nuclear "uma ameaça inaceitável à paz" e ameaçou retaliar impondo sanções contra o governo comunista de Pionguiangue, que talvez seja o último regime stalinista linha-dura sobrevivente da Guerra Fria.
No Japão, único país que sofreu um ataque nuclear até hoje, o novo primeiro-ministro Shinzo Abe, reagiu imediatamente, declarando o teste nuclear norte-coreano inaceitável. Abe é a favor da revogação do Art. 9 da Constituição japonesa, imposta pelos EUA depois da Segunda Guerra Mundial, que torna o Japão um país pacífico, que não pode ter armas atômicas nem realizar operações militares ofensivas.
Se a Coréia do Norte desenvolver armas atômicas, há risco de uma corrida nuclear na região. O Japão, que possui a tecnologia, pode criar seu próprio dispostivo nuclear para não depender exclusivamente das armas atômicas americanas para sua defesa. Não interessa à China nem aos EUA, as outras duas grandes potências no Leste da Ásia, que o Japão tenha armas atômicas.
Observadores internacionais sugeriram que o futuro secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ministro do Exterior da Coréia do Sul, vá a Pionguiangue para evitar uma nova crise internacional. Afinal, a Coréia do Sul é o país que mais tem a perder numa guerra contra a Coréia do Norte. Ainda corre os riscos de suportar uma reunificação forçada da Coréia, caso haja um colapso na ditadura stalinista de Pionguiangue, um resquício da Guerra Fria.
Na Coréia, a Guerra Fria ainda não terminou. E o grande risco na Guerra Fria era um conflito nuclear.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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