O então secretário de Estado americano Henry Kissinger ficou tão irritado com a ajuda militar de Cuba ao regime comunista de Angola que planejou, em 1976, uma série de medidas retaliatórias caso Fidel Castro mandasse tropas a outras países da África, revelam documentos recém-desclassificados da Biblioteca Presidencial Gerald Ford a pedido do Arquivo de Segurança Nacional (ASN).
Kissinger temia que os EUA parecessem fracos diante de um pequeno país de apenas 8 milhões de habitantes, acrescenta o jornal The New York Times. Então, um grupo ultrassecreto programou ataques a portos e quartéis, além do envio de um batalhão de fuzileiros navais para a base de Guantânamo.
Os arquivos até agora secretos estão sendo divulgados na Internet e publicados no livro Back Channel to Cuba (algo como Cuba pela Porta dos Fundos), William LeoGrande, professor de política da Universidade Americana, e Peter Kornbluh, diretor do Projeto de Documentação de Cuba do ASN.
Assessor de Segurança Nacional no primeiro governo Richard Nixon, Kissinger quebrou o gelo nas relações com a China e a União Soviética, ambas visitadas por ele e por Nixon, e foi secretário de Estado de 1973 a 1977. Inicialmente tentou a mesma aproximação com Cuba. Mudou de ideia quando Fidel mandou tropas para Angola, no fim de 1975.
Depois de se aproximar dos grandes inimigos na Guerra Fria, "Kissinger, o grande jogador do xadrez global, sentiu-se insultado porque um pequeno país poderia arruinar seus planos para a África e estava essencialmente preparado para jogar toda a força do poder imperial dos EUA na cabeça de Fidel Castro", observou Kornbluh.
A derrota de Gerald Ford, que substituiu Nixon depois que este renunciou por causa do Escândalo de Watergate, na eleição presidencial de 1976 enterrou o plano de Kissinger para atacar Cuba.
Em 1962, a tentativa da União Soviética de instalar mísseis nucleares em Cuba provocou a Crise dos Mísseis. Nunca o mundo esteve tão perto de uma guerra atômica. O presidente americano John Kennedy ordenou o bloqueio naval da ilha para impedir a entrada de armas nucleares. Quando a URSS recuou e anunciou a retirada dos mísseis, em 27 de outubro daquele ano, houve um acordo tácito de que os EUA não invadiriam Cuba.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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