À beira de um colapso econômico, a Venezuela, país com as maiores reservas mundiais de petróleo, decretou feriado para o funcionalismo público nas sextas-feiras durante 60 dias para poupar energia em mais um sinal de falência do regime chavista e seu "socialismo do século 21".
"Maduro apaga a Venezuela", afirmou o jornal La Patilla.
O presidente Nicolás Maduro ficou de se encontrar com o ministro da Eletricidade, Luis Motta Domínguez, para discutir medidas adicionais de racionamento de energia. Adiantou que a indústria terá de reduzir o consumo em 20%.
Para agravar ainda mais a situação, o barril de petróleo vale hoje um terço do preço de junho de 2014 e o fenômeno meteorológico El Niño provocou uma seca que afeta o abastecimento de água e energia. O ex-ministro da Eletricidade Hector Navarro advertiu que a usina Guri, maior hidrelétrica venezuelana, responsável por 60% da energia elétrica, pode parar de funcionar em 20 dias.
As crises política e econômica estão gerando uma situação explosiva na Venezuela. Nesta semana, o líder oposicionista Henry Ramos Allup, presidente da Assembleia Nacional, denunciou a articulação de um golpe militar contra Maduro dentro do próprio regime chavista.
Com a Venezuela rumando para a depressão econômica, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) está dividido. A facção central reúne a elite dirigente, Maduro, sua mulher, a procuradora-geral Cilia Flores, o ex-presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello, o governador do estado de Arágua, Tareck Aissami, e o comandante da Guarda Nacional, Néstor Reverol.
Este núcleo central do regime é o que mais resiste ao diálogo com a oposição e a uma reforma econômica, que consideram uma cessão de poderes e uma traição ao finado caudilho Hugo Chávez. Cabello, Flores, Aissami e Reverol são suspeitos de envolvimento com o tráfico de cocaína para os Estados Unidos.
Qualquer mudança é vista por eles como uma ameaça existencial à revolução e a seu futuro político. Com a paralisia econômica do regime, a inflação chegou a 300% ao ano.
Outra facção chavista reúne governadores liderados por Francisco Arias Cárdenas, do estado de Zulia. Por causa da insatisfação popular com o governo, eles não querem a realização de eleições estaduais neste ano. Preferem a queda de Maduro por referendo revogatório ou renúncia a eleições em que a oposição seria franca favorita.
Entre os que defendem o referendo revogatório do presidente, um instrumento introduzido por Chávez na Constituição da República Bolivarista da Venezuela, está o ex-ministro do Interior Miguel Rodríguez Torres, demitido por Maduro em 2014.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 7 de abril de 2016
Venezuela decreta feriado na sexta-feira para poupar energia
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