Com a desaceleração da economia mundial, especialmente da China, e a alta do dólar afetando exportações, investimento e o consumo, os Estados Unidos cresceram no primeiro trimestre de 2016 num ritmo de 0,5% ao ano, em contraste com 1,4% no fim do ano passado e 2% ao ano no terceiro trimestre de 2015, anunciou hoje o Departamento do Comércio.
Foi o pior resultado do produto interno bruto desde o primeiro trimestre de 2014, quando a maior economia do mundo recuou em ritmo de 0,9%. No início de 2015, a alta fora de 0,6% ao ano.
Em todo o ano passado, o crescimento foi de 2,4%, o mesmo índice de 2014. No primeiro trimestre deste ano, os analistas do centro financeiro de Nova York esperavam uma expansão de 0,7% ao ano.
O fraco desempenho projeta um avanço reduzido em 2016: "Sem um milagre, parece que o crescimento do PIB está em curso para outro ganho decepcionante de cerca de 2% neste ano", previu o economista Paul Ashworth, analista sênior da empresa Capital Economics, citado pelo jornal The Wall Street Journal. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê alta de 2,4% no ano.
Enquanto o consumo pessoal, responsável por dois terços do PIB americano, cresceu em ritmo 1,9% ao ano no trimestre, abaixo dos 2,4% do trimestre anterior, o investimento fixo não residencial, uma medida dos gastos das empresas, caiu 5,9%, na maior baixa desde a Grande Recessão (2008-9).
Há um paradoxo na fraqueza do consumo: os salários aumentaram 2,3% num ano e o petróleo barato reduz o preço dos combustíveis, deixando mais dinheiro no bolso. Mesmo assim, o consumidor está receoso.
Com o petróleo em baixa, os investimentos na indústria de extração diminuíram 86%, a maior queda desde o início da série estatística, em 1958. A expectativa é que o investimento aumente com a recuperação nos preços do petróleo, que hoje está cotado na Bolsa Mercantil de Nova York em US$ 45,49 por barril. O investimento na compra e reforma de imóveis residenciais subiu 14,8%, melhor resultado desde o fim de 2012.
Ontem, o Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed), o conselho de política monetária do banco central dos EUA, decidiu manter inalteradas suas taxas básicas de juros numa faixa de 0,25% a 0,5% ao ano.
O Fed aumentou os juros pela primeira vez em nove anos em dezembro de 2015. No comunicado da reunião encerrada ontem, observou que "as condições do mercado de trabalho melhoraram mesmo com a aparente redução da atividade econômica" e que as preocupações com a economia internacional diminuíram. O mercado espera no máximo duas altas de juros em 2016.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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