domingo, 17 de abril de 2016

China reage à ameaça de guerra comercial de Donald Trump

O ministro das Finanças da China, Lou Jiwei, acusou o líder na disputa pela candidatura do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, de ser um "tipo irracional" e declarou que o país "perderá sua liderança mundial" se adotar a política comercial proposta pelo bilionário.

Trump ameaçou impor tarifas de até 45% sobre as importações de produtos chineses. Em entrevista exclusiva ao jornal The Wall Street Journal, Lou afirmou que esse imposto de importação violaria as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Qualquer aumento de tarifas generalizado violaria as obrigações dos EUA diante da OMC", afirmou o ministro chinês.

Numa declaração de campanha, Trump acusou a China de estar em "total violação das regras da OMC". Se ele for eleito, acrescentou, "a China vai aprender a negociar justa e lealmente ou não fará negócio nenhum".

No seu governo, "todos os acordos comerciais e outros serão totalmente renegociados" para que os EUA "se beneficiem" do comércio exterior e não sejam mais considerados tolos".

Para o governo chinês, os americanos precisam entender que os dois países "são mutuamente dependentes um do outro" e têm muito a perder numa confrontação.

"Nossos ciclos econômicos são interligados", disse Lou. "Temos mais em comum do que o que nos divide.

É a mais alta autoridade da China a comentar os ataques de Trump. O primeiro-ministro Li Keqiang não quis opinar sobre os candidatos à Casa Branca.

Lou admitiu que "há grande distorções no nosso sistema econômico" e pediu paciência ao resto do mundo. Ele argumentou que a China fez seu papel ao aprovar um programa de estímulo de US$ 600 bilhões para ajudar o mundo a sair da Grande Recessão (2008-9).

"O esforço da China ajudou o mundo", alegou o ministro. "Agora, os EUA precisam fazer mais para ajudar o mundo, mas não vemos muito progresso."

Na China, há hoje muitas críticas ao programa de incentivo, que teria criado uma bolha imobiliária e excesso de capacidade instalada na indústria. Desde o ano passado, o crescimento caiu abaixo de 7% ao ano, menos da metade dos 14,2% de 2007, antes do estouro da crise financeira internacional.

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