quarta-feira, 6 de maio de 2015

Mais de 40 mil pessoas fogem do Burúndi

Mais de 40 mil pessoas fugiram do Burúndi, um pequeno país da Região dos Grandes Lagos do Centro da África vizinho e semelhante a Ruanda, depois de duas semanas de protestos com 12 mortes contra manobras do presidente Pierre Nkurunziza para se reeleger. 

Hoje o presidente prometeu que, se for reeleito em junho de 2015, será seu último mandato, informa o jornal digital americano The Huffington Post.

É a pior crise política no país desde o fim 12 anos atrás da guerra civil entre a maioria hutu e o Exército dominado pela minoria tútsi, num conflito ao que levou ao genocídio de 800 mil pessoas em 1994 em Ruanda.

A fuga em massa preocupa a República Democrática do Congo, a Tanzânia e especialmente Ruanda pelo impacto que pode ter no conflito interno ruandês.

"Todas as luzes estão piscando no Burúndi. Todos os alarmas estão tocando. Então, onde está o corpo de bombeiros", advertiu em Genebra, na Suíça, o presidente do Conselho de Refugiados da Noruega, Jan Egeland, pedindo uma ação internacional para acalmar a situação.

A Constituição do Burúndi limita o exercício da presidência a dois mandatos. Em 25 de abril de 2015, Nkurunziza, ex-comandante de um grupo rebelde hutu, anunciou a intenção de concorrer a um terceiro mandato.

Sob pressão do governo, o Tribunal Constitucional decidiu ontem autorizar Nkurunziza a disputar mais uma eleição alegando que o primeiro mandato não conta porque em 2005 ele foi eleito indiretamente pelo Congresso.

Seu principal desafiante, Audifax Ndabitoreye, foi preso num hotel da capital, Bujumbura, onde havia uma reunião de ministros de países da África Oriental para discutir a crise, sob a acusação de participar de uma insurreição: "Sou uma vítima porque estou protestanto claramente contra um terceiro mandato para Nkurunziza que é ilegal e inconstitucional."

Centenas de manifestantes foram presos. O governo os acusa de insurreição, promete soltar os menores de 18 anos e uma anistia caso cessem os protestos. O Ministério do Exterior do Reino Unido denunciou pressões sobre o supremo tribunal para autorizar mais uma reeleição do presidente. Um ministro do tribunal fugiu do país nos últimos dias.

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