segunda-feira, 6 de abril de 2015

Turquia bloqueia redes sociais para censurar imagens da morte de procurador

O governo da Turquia bloqueou o acesso ao Facebook, Twitter e YouTube durante oito horas para pressionar esses gigantes da Internet a tirar da rede as imagens do sequestro e assassinato do procurador Mehmet Selim Kiraz, cometido há uma semana por um grupo terrorista de esquerda, o Partido Frente Popular de Libertação, noticiou o jornal turco Hürriyet.

Uma decisão do juiz Bekir Altun, da 1ª Vara Criminal de Istambul, autorizou o governo a bloquear 166 sítios de Internet que reproduziram as fotos, a pedido do procurador-chefe do Escritório de Investigações sobre o Crime Organizado e o Terrorismo. Além das redes sociais, foram censurados meios de comunicação da Turquia.

O porta-voz do presidente Recep Tayyip Erdogan, Ibrahim Kalin, justificou a medida alegando que "estavam fazendo propaganda terrorista".

Quando as empresas atenderam à determinação da Justiça, na tarde desta segunda-feira, o bloqueio das redes sociais foi suspenso na Turquia, informou Tayfun Acarer, diretor da Autoridade de Tecnologias de Telecomunicações e Informação, o órgão regulador.

A Turquia vive um momento de violência antes das eleições parlamentares de 7 de junho de 2015. No sábado, o ônibus do clube de futebol Fenerbahçe foi atingido por um tiro que feriu gravemente o motorista. O campeonato nacional foi suspenso por uma semana.

O procurador investigava a atuação na polícia na morte do jovem adolescente Berkin Elvan durante os protestos contra o governo no Parque Guézi, em Istambul, em 2013.

As próximas eleições parlamentares turcas são especialmente singulares. Depois de três mandatos como primeiro-ministro, de 2003 a 2014, não podendo mais ser reeleito chefe de governo por limitação constitucional, Recep Tayyip Erdogan foi eleito presidente no ano passado. Ele quer aumentar os poderes da Presidência para continuar mandando na Turquia.

Para fazer uma reforma constitucional sozinho, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento, islamita moderado, precisa eleger 367 dos 550 deputados da Assembleia Nacional da Turquia. Se quiser fazer a mudança por referendo, o partido do governo precisa de 330 deputados.

Já o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu, do mesmo partido, precisa apenas de maioria simples, de 276 deputados, para continuar mandando no país, que vai manter o sistema parlamentarista se Erdogan não conseguir emendar a Constituição.

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