Com cortes nos investimentos, queda nas exportações e cautela dos consumidores, o crescimento da maior economia do mundo caiu de 5% ao ano no terceiro trimestre de 2014 para 2,2% no quarto trimestre e apenas 0,2% ao ano nos primeiros três meses de 2015, revelou hoje o Departamento do Comércio dos Estados Unidos. Os economistas previam 1%.
"É mais um dado trimestral que confirma a tese de baixo crescimento a longo prazo, mas há boas chances de uma reação durante o ano com a estabilização dos gastos das empresas e do setor habitacional, que parece promissor", observou Guy LeBas, estrategista de renda fixa da corretora Janney Montgomery Scott, citado pelo jornal The Wall Street Journal.
No ano passado, os economistas atribuíram o fraco desempenho do primeiro trimestre, quando a economia americana recuou em ritmo de 2,1% ao ano, ao inverno rigoroso. Neste ano, além das tempestades de neve, pesaram negativamente a valorização do dólar, a queda nos preços internacionais do petróleo e greves em portos da costa oeste, no Oceano Pacífico.
"Esperamos que a economia se recupere, como no ano passado", comentou a economista Michelle Girard, da corretora RBS Securities.
Alguns fatores responsáveis pela forte desaceleração, como o dólar forte e os baixos preços do petróleo, tendem a se manter, afetando as exportações e os investimentos no setor de energia. Os investimentos em estruturas de exploração de petróleo caíram 23,1% e os gastos em minas e poços, 48,7%. As exportações baixaram 7,2%. E as lojas vão esperar a redução nos estoques antes de fazer novas encomendas à indústria.
Assim, a recuperação no segundo trimestre "deve ficar em torno de 2,5% ao ano e não dos 4% previstos anteriormente", declarou Joseph LaVorgna, economista do Deutsche Bank nos EUA.
Para acelerar a economia dos EUA, o consumo doméstico, responsável por dois terços do produto interno bruto do país, precisa aumentar. O relatório divulgado hoje indica uma de 4,4% para 1,9% no início deste ano.
Em vez de gastar, os americanos estão economizando mais. A taxa de poupança subiu de 4,6% para 5,5% do PIB.
A estagnação foi anunciada durante a reunião do Comitê de Mercado Aberto da Reserva Federal, o comitê de política monetária do banco central dos EUA, observada com atenção pelos analistas de mercado em busca de indícios sobre quando as taxas básicas de juros voltaram a subir. Elas estão praticamente zeradas desde dezembro de 2008. Havia expectativa de que fossem aumentadas em junho. Agora, esta expectativa está adiada.
Como o índice de preços ao consumidor registrou queda anual de 2% e o núcleo do índice, excluídos os preços mais voláteis de alimentos e energia, em 0,9% ao ano, a inflação não pressiona a alta dos juros. O Fed persegue uma meta de inflação informal de 2% ao ano. Altos funcionários do banco comentaram que a estagnação é passageira.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário