Os presidentes da França, François Hollande, e da Rússia, Vladimir Putin, participaram hoje em Ierevã, capital da ex-república soviética da Armênia, das homenagens a 1,5 milhão de pessoas mortas no Genocídio Armênio, cometido pelo Império Otomano (turco) em 1915 e 1917, durante a Primeira Guerra Mundial.
Na Turquia, o governo antecipou em um dia a comemoração do centenário da vitória na Batalha da Galípoli para abafar as acusações de genocídio.
Em Ierevã, centenas de milhares de pessoas participaram da marcha até o Memorial do Genocídio Armênio, levando flores e velas deixadas junto à chama eterna da sobrevivência. Em 24 de abril de 1915, 600 líderes políticos, empresariais e intelectuais da comunidade armênia foram presos em Constantinopla (hoje Istambul), dando início à matança generalizada de armênios, acusados de apoiar o inimigo.
Ao lado do presidente e aliado armênio Serj Sarkissian, Putin declarou que "o assassinato em massa não pode ser justificado", reconhecendo o Genocídio Armênio, a exemplo do que fizeram 20 países, inclusive a Assembleia Nacional da França, a Argentina e o Chile, mas não o Brasil. O papa Francisco também reconheceu o genocídio, sob protesto da Turquia.
"Eu me curvo em memória das vítimas e venho aqui para dizer aos amigos armênios que nunca vamos esquecer as tragédias que seu povo suportou", declarou o presidente Hollande, citado pelo jornal britânico The Daily Telegraph.
Em seu discurso, Sarkissian afirmou que "nada foi esquecido" e agradeceu o apoio: "Sou grato a todos os que mais uma vez confirmam seu compromisso com os valores humanos para dizer que nada foi esquecido. Cem anos depois, nós relembramos." Foi aplaudido de pé.
Até hoje, os turcos negam responsabilidade. O presidente Recep Tayyip Erdogan admtiu que houve massacres, mas rejeita a acusação de que tenha havido um extermínio sistemático premeditado para caracterizar o genocídio.
Para reduzir o impacto das críticas do mundo inteiro, Erdogan antecipou para hoje a celebração da vitória na Batalha de Galípoli, iniciada em 25 de abril de 1915. Cerca de 100 mil soldados do Império Britânico, na maioria australianos e neozelandeses, morreram na batalha, vencida pela Turquia, que perdeu 86 mil homens. O príncipe Charles representou o Reino Unido na cerimônia.
Na Primeira Guerra Mundial, os impérios Alemão, Austro-Húngaro e Otomano se aliaram contra a Tríplice Entente formada pela França, o Reino Unido e a Rússia, e perderam. Os impérios alemão, austro-húngaro, otomano e russo desapareceram no fim da guerra.
A palavra genocídio seria criada depois da Segunda Guerra Mundial para descrever a tentativa de extermínio do povo judeu pela Alemanha de Adolf Hitler. Hoje o extermínio dos índios americanos pode ser considerado genocida.
No século 20, o regime de terror imposto por Pol Pot no Camboja entre 1975 e 1979, com 2 milhões de mortes, também foi considerado genocídio, assim como o massacre de 800 mil tútsis pelo regime hutu derrotado na guerra civil de 1994 em Ruanda.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 24 de abril de 2015
Presidentes da França e da Rússia lembram Genocídio Armênio
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