Depois de um ataque com granadas que matou 11 militares e feriu outros 17 ontem na zona rural do município de Buenos Aires, no departamento de Cauca, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, ordenou ao Exército e à Força Aérea o reinício dos bombardeios contra acampamentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), noticiou hoje o jornal El Espectador.
O governo colombiano atribuiu a ação guerrilheira à Coluna Miller Perdomo, uma unidade operacional da Frente Ocidental Alfonso Cano das FARC. Ao condenar o ataque, o comandante do Exército Nacional, general Jaime Lasprilla, acusou a guerrilha de "atentar contra todos os colombianos" e defraudar a confiança no processo de paz por romper um cessar-fogo unilateral anunciado em dezembro de 2014.
"Quando se fala em cessação das hostilidades, significa que deve cessar toda ação criminosa relacionada ao tráfico de drogas, à extorsão, à mineração ilegal e ao recrutamento de menores. Este fato que aconteceu ontem foi uma violação desses compromissos diante da mão estendida do senhor presidente e do povo colombiano", acrescentou o comandante militar.
Um dos maiores críticos da estratégia de seu sucessor para acabar com a longa guerra civil colombiana, o ex-presidente Álvaro Uribe pediu a Santos "uma pausa" nas negociações de paz de Havana, em Cuba, iniciadas há pouco mais de três anos.
As FARC "sempre mentiram ao país e é grave que o governo leve os colombianos a acreditar nessas mentiras", declarou o ex-presidente, hoje senador. "O que o grupo terrorista quer é justificar sua exigência de que o governo paralise as atividades das Forças Armadas."
Os bombardeios haviam sido suspensos por um mês pelo presidente em 10 de março de 2015. Em 10 de abril, Santos tinha prorrogado a trégua por mais um mês.
Em Havana, o negociador das FARC de nome de guerra Pablo Catatumbo pediu "sensatez e cabeça fria", alegando que a guerrilha estava uma situação "complicada" e de "assédio" em sua trégua unilateral, o que teria provocado o enfrentamento com uma emboscada aos soldados do Exército.
"Se este situação persistir, vai haver mais enfrentamentos e isso vai voltar a se repetir", advertiu Catatumbo. "A solução não é reiniciar os bombardeios. A Colômbia está nos bombardeando desde que começou a guerra. Para que serviu isso? Só para aumentar o número de mortos."
O ataque é um sinal de estagnação no proceso de paz. Falta definir como serão os processos e as punições por crimes de sangue cometidos durante a longa guerra civil colombiano e como dar garantias aos guerrilheiros na sua reintegração à vida civil.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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