Sob protesto da Turquia, os armênios do mundo inteiro relembram hoje o início do primeiro genocídio do século passado. Na noite de 23 para 24 de abril de 1915, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), 600 líderes da comunidade armênia foram presos em Constantinopla pelo Império Otomano (turco) e acusados de colaborar com o inimigo. Era o início do extermínio de 1,5 milhão de armênios.
Na Armênia, todos os mortos foram declarados santos hoje pela Igreja Ortodoxa. Mais de 20 países reconhecem o Genocídio Armênio. Outros, como o Brasil, relutam para não prejudicar as relações com a Turquia. Mas mesmo lá o genocídio deixou de ser tabu.
Até hoje, o presidente e ex-primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan foi o líder turco que foi mais longe ao admitir a responsabilidade turca pelo massacre de armênios. A Turquia atribui as mortes à guerra, fome e doenças causadas pelo conflito. Nega sobretudo que houvesse intenção de exterminar todo o povo armênio, como aconteceu com os judeus sob o nazismo na Segunda Guerra Mundial (1939-45).
O governo turco celebrou porque o presidente Barack Obama não vai usar a palavra genocídio ao homenagear o povo armênio em nome dos Estados Unidos. Mas a Assembleia Nacional da França já reconheceu que houve genocídio e o presidente da Alemanha, Joachin Gauck, também. A Alemanha e a Áustria, que eram aliadas da Turquia, admitem corresponsabilidade naqueles crimes contra a humanidade.
Quando o papa Francisco falou em genocídio, foi criticado pela Turquia. O papa condenou as atuais perseguições a cristãos por milícias extremistas muçulmanas como o Estado Islâmico e ao mesmo tempo mandou um gesto de conciliação à Igreja Cristã Ortodoxa.
No Brasil, onde vivem cerca de cem mil armênios, a principal homenagem aos mortos no genocídio foi no Consulado da Armênia em São Paulo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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