sexta-feira, 10 de abril de 2015

Pai e filha brigam na extrema direita da França

A guerra no seio da família dirigente da extrema direita da França virou um conflito aberto sem misericórdia, observou o jornal francês Le Monde. A atual presidente da Frente Nacional, Marine Le Pen, está pressionando o pai, Jean-Marie Le Pen, a deixar o partido fundado por ele em 1972.

"Decidi abrir um procedimento disciplinar", declarou Marine Le Pen à televisão francesa TF1 depois de uma controvertida entrevista do pai ao semanário de ultradireita Rivarol repetindo a pregação neonazista que já lhe valeu uma condenação.

Desde que assumiu o comando do partido, substituindo o pai, Marine tenta desdemonizar a FN para torná-la tolerável ao eleitorado de centro e aumentar assim suas chances de chegar à Presidência da França em 2017. Ela pediu ao pai que "prove sua sabedoria, assuma as consequências do problema criado por ele mesmo e talvez pare de ter responsabilidades políticas", ou seja, se aposente.

Para tornar a FN elegível, Marine Le Pen tenta combater o antissemitismo da extrema direita francesa, dirigindo o ódio para imigrantes, muçulmanos e a União Europeia. Por isso, viu o pai "dentro de uma verdadeira espiral descendente entre a política de terra arrasada e o suicídio político".

Aos 86 anos, Jean-Marie Le Pen, um veterano da Guerra da Independência da Argélia que nunca aceitou o fim do império colonial francês, repetiu suas declarações sobre a Segunda Guerra Mundial que lhe deram problemas com a Justiça em 1987.

Na sua opinião, as câmaras de gás em que os nazistas incineraram judeus, ciganos, comunistas e outros inimigos políticos foram apenas um "detalhe" na história da guerra. Para Le Pen, o marechal Phillipe Pétain, que dirigiu o governo francês submisso à ocupação nazista, não foi um traidor da pátria.

O rude neofascista francês atropelou a estratégia eleitoral da própria filha.

Em 2014, a Frente Nacional foi o partido mais votado nas eleições para o Parlamento Europeu na França, com 25% dos votos. No mês passado, esperava se tornar o maior partido do país nas eleições departamentais. Cresceu para 26%, mas ficou atrás da União por um Movimento Popular (UMP), do ex-presidente Nicolas Sarkozy, e aliados, com 30%.

Com o desgaste do Partido Socialista, do presidente François Hollande, por causa da crise econômica e do desemprego, Marine Le Pen sonha em chegar ao segundo turno em 2017, a exemplo do que seu pai conseguiu em 2002, tirando o então primeiro-ministro socialista Lionel Jospin do segundo turno.

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