A economia do Reino Unido se desacelerou nos primeiros três meses do ano, crescendo apenas 0,3%. A duas semanas das eleições para o Parlamento Britânico, esfria o discurso de recuperação econômica do primeiro-ministro conservador David Cameron. O ritmo de crescimento foi o menor desde o fim de 2012.
No último trimestre de 2014, a economia britânica avançara 0,6%. O ritmo do início deste ano projeta uma expansão anual de 1,2%, menos da metade dos 2,8% do ano passado, a maior taxa entre as grandes economias do Grupo dos Sete. Mas foi um crescimento desigual, muito concentrado na Grande Londres, não sentido pela maioria do país, submetido a um rigoroso ajuste fiscal
Agora, pela primeira vez em quatro anos, no início de 2015, o crescimento do Reino Unido pode ficar abaixo da média da Zona do Euro.
"É um ruído", alega David Kern, economista da Câmara de Comércio Britânica, na expectativa de reajuste do índice de crescimento em estimativas posteriores. O Fundo Monetário Internacional prevê uma expansão de 2,7% para a economia britânica em 2015.
As pesquisas de opinião indicam uma disputa apertada entre os dois grandes partidos tradicionais, conservador e trabalhista, mas o resultado está indefinido pela importância crescente de pequenos partidos. Com o desgaste de ser o parceiro menor da coalizão de governo, o Partido Liberal-Democrata deve sair menos destas eleições.
O Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), mais votado no ano passado nas eleições para o Parlamento Europeu, culpa os imigrantes por tudo e quer sair da União Europeia. O Partido Nacional Escocês, pretende sair da Grã-Bretanha, mas antes quer derrotar os conservadores. O partido nacionalista galês Plaid Cymru cobra mais investimentos sociais no País de Gales. E o Partido Verde gostaria de mudar o modelo econômico. Devem impedir que um partido tradicional faça maioria absoluta na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, de 650 cadeiras.
Pela segunda vez consecutiva, o que não acontecia desde a Segunda Guerra Mundial, quando foram formados governos de união nacional, o tradicional bipartidarismo britânico está cedendo vez a um governo mais fragmentado, de coalizão, a exemplo do que acontece na maioria dos outros países da Europa.
Se for reeleito, sob pressão da direita conservadora e do UKIP, Cameron promete convocar um referendo sobre a participação na União Europeia até 2017. Há grande chance dos antieuropeus ganharem, o que pode ter forte impacto negativo. Certamente levaria a Escócia a fazer um novo plebiscito sobre a independência, que provavelmente seria aprovada, acabando com a Grã-Bretanha e o Reino Unido. Restariam uma Inglaterra pequena e o País de Gales.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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