Apesar da estagnação da economia no primeiro trimestre de 2015, a Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos, mantém uma expectativa otimista e considera "transitória"a desaceleração para um avanço de apenas 0,2% ao ano, anunciada hoje.
"Embora o crescimento da produção e do emprego tenham diminuído no primeiro trimestre, o comitê espera que, com uma acomodação política apropriada, a atividade econômica vai se expandir num ritmo moderado, com os indicadores do mercado de trabalho se movendo rumo a níveis consistentes com seu duplo mandato", declarou há pouco em nota o Comitê de Mercado Aberto do Fed, no fim de uma reunião de dois dias.
O desafio do Fed é manter a estabilidade de preços com desemprego baixo. A nota constata: "O ritmo dos ganhos no mercado de trabalho moderou-se e a taxa de desemprego permaneceu estável. Uma série de indicadores do mercado de trabalho sugere que houve pouca mudança na subutilização dos recursos do trabalho."
A declaração acrescenta que "os investimentos em capital fixo foram menores, a recuperação no setor habitacional permanece lenta e as exportações caíram."
Nos últimos três meses, o principal motor da economia dos EUA se desacelerou: "O crescimento no consumo doméstico declinou; a renda real doméstica aumentou, refletindo em parte declínios anteriores nos preços de energia e o sentimento do consumidor continua elevado."
Com o índice de preços em queda de 2%, principalmente por causa do petróleo, o núcleo do índice, excluídos os preços mais voláteis de alimentos e energia, ficou em 0,9% por causa das "importações não energéticas".
O dólar forte barateou os produtos importados e ajudou a manter a inflação abaixo da meta informal perseguida pelo Fed, de 2% ao ano, adiando as pressões por aumento dos juros. Mas, com os indicadores mais fracos, a moeda americana está em queda no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
Como a presidente do Fed, Janet Yellen, promete aumentar os juros com base nos dados disponíveis, a serem avaliados a cada reunião do Comitê de Mercado Aberto, uma alta em junho não está descartada, mas é considerada mais distante pelo mercado.
O crescimento menor da produção e do consumo, e o saldo positivo de apenas 126 mil vagas de emprego em março indicam uma desaceleração da economia. Na análise do economista Car Tannembaum, da corretora Northern Trust, o Fed não vê "uma degradação nas condições econômicas", mas "uma urgência menor" para aumentar os juros, praticamente zerados desde dezembro de 2008.
A despeito da desaceleração, "o comitê espera que a inflação suba gradualmente até 2% ao ano a médio prazo quando o mercado de trabalho melhorar mais e os efeitos transitórios do declínio nos preços de energia e das importações se dissiparem." As taxas de juros só serão aumentadas quando o ritmo de contratações aumentar e o comitê "estiver razoavelmente confiante em que a inflação vai voltar a 2% ao ano".
No momento, depois de avaliar a inflação e o nível de emprego, concluiu o Fed, "as condições econômicas podem, por algum tempo, justificar a manutenção das taxas de fundos federais abaixo dos níveis que o comitê considera normais em longo prazo."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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