A força naval da Guarda Revolucionária Irã atacou um navio cargueiro com bandeira dos Estados Unidos pertencente à companhia dinamarquesa Maersk quando cruzava o Estreito de Hormuz hoje de manhã e o obrigou a ancorar no porto de Porto Abbas, no Golfo Pérsico, noticiou hoje a televisão saudita Al Arabiya.
Um porta-voz do Departamento da Defesa dos EUA, coronel Steve Warren, confirmou à televisão americana CNN que o navio MV Maersk Tigris, com bandeira das Ilhas Marshall, foi abordado por barcos de patrulha do Irã e considerou "inapropriados" os tiros de advertência disparados pelos iranianos. Dos 34 tripulantes, nenhum é americano. O navio de guerra dos EUA mais próximo estava a 100 quilômetros de distância.
Na versão do Pentágono, "o comandante do navio foi contatado e orientado a se desviar da rota rumo a águas territoriais iranianas. Ele se recusou e um barco da força naval da GRI disparou tiros contra o Maersk Tigris. O comandante aceitou então a exigência iraniana e levou o navio para águas iranianas, perto da ilha de Larak."
O navio, de 65 mil toneladas, passava entre as ilhas Keshm e o estreito, quando ia de Jedá, na Arábia Saudita, para Jebel Ali, nos Emirados Árabes Unidos. No trecho mais estreito, a passagem tem 33 quilômetros de largura e o canal de navegação pouco mais de 3 km.
Embora o Estreito de Hormuz fique em águas territoriais iranianas, como é uma rota internacional do tráfego marítimo, aplica-se a regra da "passagem inocente" quando embarcações civis passam por ali. Cerca de 30% do petróleo exportado por via marítima passaram pelo estreito em 2013.
A situação é tensa no Oriente Médio por causa da intervenção militar da Arábia Saudita e aliados sunitas no Iêmen contra os rebeldes hutis, xiitas zaiditas apoiados pelo Irã. Para impedir a chegada de suprimentos aos rebeldes, os sauditas impuseram um bloqueio naval.
Apesar das negociações nucleares e da reaproximação com o Irã, os Estados Unidos apoiam a intervenção saudita e mandaram nove navios de guerra para a região. A GRI seria um dos principais focos de resistência no regime fundamentalista iraniano a um acordo com as grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas para desarmar o programa nuclear do país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário