Em janeiro e fevereiro de 2015, pesquisadores da ONG entrevistaram na cidade de Dohuk 20 mulheres e adolescentes do povo yazidi que conseguiram escapar do grupo jihadista: "O HRW documentou um sistema de agressões sexuais e estupros, escravidão sexual e casamentos forçados. Tais atos são crimes de guerra e talvez crimes contra a humanidade. Muitas mulheres e meninas continuam desaparecidas, mas as sobreviventes que estão no Curdistão iraquiano precisam de assistência psicológica e outros tipos de ajuda", diz o relatório.
Outra organização de defesa dos direitos humanos, a Anistia Internacional, havia denunciado em dezembro de 2014 que a violência sexual, o estupro em massa e a escravidão sexual estavam levando as mulheres yazidis ao suicídio.
Os yazidis são um povo de origem curda que professa o zoroastrismo, a mais antiga religião monoteísta, fundada na Antiga Pérsia pelo profeta Zoroastro, considerada diabólica pelos jihadistas do Estado Islâmico. No mundo inteiro, há cerca de 700 mil yazidis, dos quais 500 a 600 mil vivem no Norte do Iraque, informa o jornal The Washington Post.
Uma entrevistada pelo HRW contou que, quando seu nome foi retirado de um chapéu e um islamita a mandou tomar banho, tomou medicamentos para se suicidar. Tentou se eletrocutar no banheiro, mas não havia energia elétrica.
"Fui ao banheiro, abri a torneira e subi numa cadeira para pegar os fios conectados na lâmpada, mas não havia eletricidade", testemunhou. "Depois de perceberem que eu estava fazendo isso, me espancaram com socos e bastões de madeira. Meus olhos ficaram inchados e os braços roxos. Eles me algemaram à pia, cortaram minha roupa com facas e me lavaram. Aí, me tiraram do banheiro, trouxeram uma amiga minha e a estupraram no mesmo quarto." Ambas foram estupradas várias vezes.
Duas meninas tinham apenas 12 anos e foram passadas entre vários milicianos do EI. Uma foi raptada em 3 de agosto de 2014, quando sua família tentava fugir. As mulheres foram separadas dos homens e mandadas para uma casa em Mossul.
"Os homens vinham e nos escolhiam", lembrou a menina. "Quando chegavam, nos diziam para ficar de pé e examinavam nossos corpos. Pediam para mostramos o cabelo e às vezes batiam nas meninas que se recusavam. Usavam dishdashas [calças que vão até o tornozelo] e tinham cabelos e barbas longas."
Quando perguntou o que fariam com ela, foi estuprada: "Ele passou três dias fazendo sexo comigo." Não foi o único. Ela foi passada entre sete milicianos do Estado Islâmico, acrescenta o relatório. "Às vezes, eu era vendida. Às vezes, dada como presente. O último cara foi o mais abusado. Ele amarrava meus braços e pernas."
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