O mais famoso e talvez o mais polêmico escritor alemão da segunda metade do século 20, Günter Grass, morreu hoje aos 87 anos de uma infecção num hospital da cidade de Lübeck, onde morava, no Norte da Alemanha.
Grass foi escritor, dramaturgo, poeta, romancista, jornalista, intelectual e artista plástico. Chegou a se fantasiar de turco para denunciar o racismo no livro Cabeça de Turco e gerou grande controvérsia ao revelar, em 2006, seu passado nas Waffen-SS, tropas de elite do nazismo. Em 1999, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto da obra.
Ele nasceu em 1927 na cidade alemã de Danzig, hoje Gdansk, na Polônia. Em 1944, no fim da guerra foi recrutado pelo regime nazista, o que só revelou muito mais tarde com o livro autobiográfico Descascando a Cebola. Alvo de críticas, Grass alegou: "Acreditava que minha obra como escritor e cidadão era suficiente" para provar sua inocência.
Depois da guerra, Grass estudou na Academia de Arte de Düsseldorf. O sucesso veio com a publicação de O Tambor, em 1959. "De repente, ele superou a forma antiquada das novelas alemãs e ofereceu uma conexão com a narrativa moderna europeia. Foi um sopro de ar fresco", declarou ao jornal espanhol El País Robert Berbig, professor de literatura alemã na Universidade Humboldt, em Berlim.
Sempre provocador, com opiniões firmes, em 1989, cobrou do então presidente George Bush (o pai) um diálogo entre os Estados Unidos e a Nicarágua. Também foi um crítico feroz de George W. Bush (o filho) e da invasão do Iraque, em 2003.
Antes disso, em fevereiro de 1990, declarou-se contrário à unificação da Alemanha: "A terrível e incomparável experiência de Auschwitz exclui a possibilidade de um único Estado alemã." Era a favor de uma confederação das duas Alemanhas.
Em 2012, no poema O que há de dizer, acusou Israel de ser uma ameaça à paz mundial por possuir armas atômicas. Foi declarado persona non grata e proibido de entrar no país.
Dois meses atrás, questionou se estamos vivendo uma Terceira Guerra Mundial: "Nos últimos tempos, ouvimos continuamente vozes para impedir uma catástrofe como a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais. Eu me pergunto há tempo se já não começou na Síria, na Ucrânia e em outros lugares."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário