Em menos de uma semana, a Força Aérea de Israel atacou três vezes bases de mísseis do Exército da Síria e comboios com mísseis para a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus), que luta ao lado da ditadura de Bachar Assad na guerra civil do país, noticiou o jornal francês Libération.
Pelo menos 40 soldados sírios e quatro militantes do Hesbolá morreram nos ataques, estes últimos na noite de domingo para segunda-feira, quando armavam uma bomba à beira de uma estrada perto da fronteira entre a Síria e Israel.
Os principais alvos israelenses foram a 65ª e 155ª divisões, tropas de elite do Exército sírio, "os mais fiéis entre os fiéis", nas palavras do Libé, encarregados das armas estratégicas do regime, como os mísseis Scud, pesadelo dos militares israelenses.
"Israel faz esse tipo de ação na Síria porque os serviços secretos estimam que os interesses do país estão ameaçados, que as armas transferidas pelo regime de Damasco ao Hesbolá rompem o equilíbrio na região", explicou o analista militar israelense Alon ben David.
Em janeiro de 2015, um ataque a um comboio matou um general da Guarda Revolucionária do Irã e altos dirigentes do Hesbolá no lado sírio das Colinas do Golã. A diferença agora é que em cinco dias Israel bombardeou mais a Síria do que em todo o ano passado, mas não reivindicou a autoria para não inflamar ainda mais a situação.
"Nosso país não vai permitir a entrega de armas ao Hesbolá e a outras organizações terroristas. Vai defender seus interesses toda vez que julgar necessário", comentou o general da reserva Amos Gilad, alto funcionário do Ministério da Defesa. Mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, preferiram manter a discrição.
Essa política de ficar em silêncio foi usada no bombardeio israelense de 6 de setembro de 2007 contra uma usina nuclear síria em construção com tecnologia da Coreia do Norte. Israel não reivindicou e a Síria não retaliou, três anos e meio antes do início da guerra civil que arrasou o país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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