A atitude da Rússia de redesenhar fronteiras internacionais e anexar a região da Crimeia é um alerta ao resto do mundo e às novas gerações de que os direitos e liberdades conquistados nas últimas décadas precisam ser constantemente defendidos, afirmou hoje em Bruxelas, na Bélgica, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao avaliar a crise na ex-república soviética da Ucrânia.
Para Obama, a União Europeia e os EUA estão sendo "testados" pelo expansionismo russo numa luta entre os ideais democráticos e "uma visão antiga e mais tradicional do poder". Precisam evitar a "complacência" diante de violações do direito internacional.
Num longo discurso em que falou das duas guerras mundiais que assolaram a Europa e da paz que o continente vive desde então, o presidente americano respondeu uma a uma às alegações do presidente russo, Vladimir Putin, para justificar a anexação da Crimeia, que tinha o status de república autônoma dentro da Ucrânia.
Obama rejeitou a comparação com a antiga província sérvia do Kossovo, onde houve uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Sérvia liderada por Slobodan Milosevic depois de anos de massacre da população de origem albanesa, seguida de um referendo sobre a independência realizado sob fiscalização internacional, em contraste com a consulta popular realizada às pressas na Ucrânia sob fuzis Kalachnikov.
Até a invasão do Iraque no governo George W. Bush, à qual se opôs, Obama tentou justificar alegando que os EUA não tinham o objetivo de conquistar territórios, como se instalar governos-fantoches não tivesse a mesma marca imperialista.
O presidente declarou que os EUA não querem conflito com a Rússia, mas reafirmou o compromisso de defender os aliados da OTAN, que hoje incluem as ex-repúblicas soviéticas do Mar Báltico, Estônia, Letônia e Lituânia. Lá, a exemplo da Ucrânia, uma parte significativa da população é étnica e culturalmente russa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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