De que adianta a "responsabilidade ao proteger" defendida pela presidente Dilma Rousseff num de seus pronunciamentos na Assembleia Geral da ONU, se a sociedade internacional não consegue articular uma proposta de solução para a guerra civil síria?
No caso da Ucrânia, há o medo de ferir a sensibilidade do novo czar de todas as Rússias, Vladimir Putin, nosso sócio no heterogêneo grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Bastaria reafirmar dois princípios
básicos da política externa brasileira: o repúdio ao uso da força para resolver
conflitos e mudar fronteiras; e a consequente defesa de uma solução negociada
política e diplomaticamente. Uma simples declaração ou reafirmação de
princípios.
A maior omissão é na Venezuela, onde a crise se agrava.
Ao votar contra a proposta do Panamá para discutir a crise venezuelana na Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil reafirmou sua posição resolver as crises da América Latina entre os latino-americanos.
Até aí, tudo bem. Mas a nota da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) limitou-se a apoiar o presidente Nicolás Maduro, avalizando a violenta repressão policial contra as manifestações de protesto.
Aparentemente o Brasil e os aliados de Maduro apostaram no esvaziamento das manifestações de protesto. Com inflação de 56%, desabastecimento de 28% das mercadorias, altas taxas de criminalidade e a violência das milícias chavistas e de grupos da oposição, isso não vai acontecer, só com um grande diálogo nacional.
Até aí, tudo bem. Mas a nota da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) limitou-se a apoiar o presidente Nicolás Maduro, avalizando a violenta repressão policial contra as manifestações de protesto.
Aparentemente o Brasil e os aliados de Maduro apostaram no esvaziamento das manifestações de protesto. Com inflação de 56%, desabastecimento de 28% das mercadorias, altas taxas de criminalidade e a violência das milícias chavistas e de grupos da oposição, isso não vai acontecer, só com um grande diálogo nacional.
Como não há o menor clima para o diálogo na Venezuela, uma
intermediação externa é fundamental para evitar o agravamento da crise. Ela não
vai se resolver sozinha. Se a presidente Dilma Rousseff não tem espírito,
poderia mandar o ex-presidente Lula como enviado especial.
Mesmo tendo apoiado a candidatura de Maduro, por ser de esquerda, Lula é um dos poucos líderes com autoridade e prestígio dentro do regime bolivarista para dizer algumas verdades a Maduro e ao presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, se tiver peito e coragem para advertir que a revolução está em risco e a melhor saída é a democracia.
Mesmo tendo apoiado a candidatura de Maduro, por ser de esquerda, Lula é um dos poucos líderes com autoridade e prestígio dentro do regime bolivarista para dizer algumas verdades a Maduro e ao presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, se tiver peito e coragem para advertir que a revolução está em risco e a melhor saída é a democracia.
Um acordo aceitável pelos dois lados na Venezuela exige o
fim das políticas econômicas fracassadas antiliberais, anticapitalistas e antimercado do "socialismo do século
21", o fim da censura e o desarmamento das milícias chavistas em troca de
um compromisso da oposição de manter os programas sociais, as misiones
de Chávez, o resultado positivo da revolução bolivarista, e de respeitar os
prazos constitucionais para convocar um referendo revogando o mandato de
Maduro.
O maior obstáculo a um acordo é a militarização do regime sob a influência de Cuba.
Seria o fim da revolução. Mas é melhor do que a guerra civil.
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