A comissão eleitoral do Egito convocou hoje para 26 e 27 de maio de 2014 a primeira eleição presidencial depois do golpe militar de 3 de julho de 2013, que derrubou Mohamed Mursi, do movimento fundamentalista Irmandade Muçulmana, primeiro presidente eleito democraticamente da história do país. O favorito é o líder do golpe, marechal Abdel Fattah al-Sissi.
Ontem, um tribunal egípcio condenou à morte dois partidários da Irmandade, neste caso acusado de atos de violência na cidade de Alexandria durante a reação ao golpe. O movimento foi considerado terrorista e declarado ilegal.
Em outro caso julgado na semana passada, a Justiça do Egito condenou à morte 529 pessoas na cidade de Mínia. A expectativa é que as sentenças sejam revogadas parcialmente. Foi o maior número de condenações à morte num mesmo processo já registrado pela organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, que faz campanha contra a pena de morte.
Al-Sissi deve se apresentar como o homem que tirou o Egito das garras da Irmandade Muçulmana. Tem o apoio da Arábia Saudita, mas o golpe desgastou as relações do país com os Estados Unidos, que dão uma ajuda anual bilionária. Pela lei americana, essa ajuda deveria ter sido suspensa por causa do golpe.
Na prática, o Egito volta a ser uma ditadura militar. É o regime que fez a paz com Israel em 1979. Por isso, recebe ajuda militar de Washington. Um governo da Irmandade Muçulmana, de onde nasceu o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), principal fundamentalista palestino, fortaleceria o domínio do Hamas sobre a vizinha à Faixa de Gaza, ligada ao Egito por mais de mil túneis clandestinos para burlar o bloqueio israelense.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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