A Justiça do Egito condenou à morte hoje 529 partidários da Irmandade Muçulmana, do presidente deposto Mohamed Mursi, sob a acusação de atacar delegacias de polícia e outros prédios públicos. Dos condenados, só 152 estão presos. Os outros foram declarados foragidos.
É um dos processos mais importantes desde o golpe de 3 de julho de 2013 contra Mursi, o primeiro e único presidente eleito democraticamente da história do Egito. Neste caso, foram julgadas cerca de 1,2 mil pessoas envolvidas em violentos protestos contra o golpe na província de Mínia.
Pela primeira vez, foram proferidas sentenças de morte - o maior número de sentenças fatais num único processo já registrada pela organização não governamental de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, e em tempo recorde, sem respeitar o direito à ampla defesa.
Para o presidente da Comissão de Direitos e Liberdades, Mohamed Lotfy, as condenações são "ridículas e injustificadas" e marcam um "ápice da politização do Poder Judiciário". Alguns advogados de defesa dos réus alegam que não puderam nem sequer ver o processo.
Depois do golpe, a Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista islâmico do mundo, foi considerada terrorista e colocada na ilegalidade. Na prática, o golpe recriou a ditadura militar que governou o Egito desde a queda da monarquia, em 1952, até a revolução que derrubou o ditador Hosni Mubarak, em 2011. A atual repressão está mais para a era de Gamal Abdel Nasser do que para a de Mubarak.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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