quarta-feira, 12 de março de 2014

Pai da web quer Magna Carta para a Internet

Diante do avanço de governos e empresas sobre a Internet, 25 anos depois de fazer o primeiro projeto do que se tornou a world wide web, a teia mundial de computadores, o cientista britânico Tim Berners-Lee defende a criação de uma Magna Carta para garantir a abertura e a neutralidade da rede.

"Precisamos de uma Constituição global - de uma declaração de direitos", afirmou o cientista em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

A proposta de Berners-Lee faz parte de uma campanha chamada a rede que queremos, um incentivo para que usuários façam projetos de lei em cada país, uma declaração de princípios apoiados por governos, instituições públicas e corporações.

"Sem uma Internet aberta e neutra que possamos confiar sem nos preocuparmos com o que está acontecendo na porta dos fundos, não poderemos ter um governo aberto, uma boa democracia, bons serviços de saúde, comunidades conectadas e diversidade cultural", observou o pai da www. "Não é ingenuidade pensar que podemos conquistar isso, mas é ingenuidade acreditar que podemos ficar sentados e conseguir."

O cientista é um dos maiores críticos do abuso de poder dos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido com seu programa de espionagem em massa via Internet: "Quero usar o aniversário de 25 anos de sua criação para fazer isso, trazer a rede de volta para nossas mãos e definir que tipo de rede queremos para os próximos 25 anos."

Berners-Lee não chega a dizer que os britânicos são apáticos: "Diria que eles têm maior confiança em seu governo do que outros países. Mas precisamos que nossos advogados e políticos entendam programação, o que pode ser feito com computadores. Precisamos revisar nossa estrutura jurídica, nossas leis de direitos autorais."

Também é fundamental "a remoção do ligação explícita da rede com o Departamento do Comércio dos EUA. Os EUA não podem dirigir algo tão internacional. Há um grande ímpeto para desengatar, mas é preciso manter uma abordagem de participação múltipla de interessados em que governos e empresas sejam mantidos à distância."

O risco é de uma balcanização da Internet em que governos e empresas cavem espaços na rede para criar suas próprias para censura, regulamentação e comercialização. Ele rejeita a ideia de que os cidadãos possam impedir o controle da rede por governos e empresas: "Não até que eles tirem os teclados debaixo de nossos dedos frios e mortos."

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